A NEVE MÁ
MORTE BRANCA
Naquela fria e alva madrugada,
Enfrentando a chuva e o nevoeiro
Partiram sós, de Castro Laboreiro,
Carolina e sua irmã amada.
Alegres, riam por tudo e por nada,
No bolso levavam algum dinheiro;
Iam comprar ali, no estrangeiro,
O bacalhau, azeite e a pescada.
No regresso, por terras da Galiza,
Ao entrar na alta e dura montanha,
A neve caía com insistência;
E no inferno o demónio giza,
Com estranho ódio, raiva e manha,
A morte da virtude, da inocência.
Nota: as duas irmãs ficaram soterradas na neve a 17/12/1917; a Carolina casara em Outubro desse ano.
OS MEUS SONETOS (E OS DO FRADE)
Joaquim A. Rocha
Edição do Autor
2013
p.128