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MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO NO REINADO DE D. AFONSO V

melgaçodomonteàribeira, 27.10.18

35 b2 - ponte românica lamas de mouro.jpg

ponte românica em lamas de mouro

 

Valença do Minho enviou á assembléa de Lisboa em 1459, entre outros capitulos, este que é curioso sob varios aspectos. Havia n’esta villa, diz o capitulo, bom trafego do sal que aqui importavam d’Aveiro, e vendiam aos Gallegos que vinham por elle em bestas de Terra de Lima, «dourões» e d’outros logares de Galliza. Traziam elles á villa sebo, cera, untos, manteiga e muitas outras mercadorias e mantimentos. A maior parte d’esta gente entrava em Portugal por Crasto Laboreiro e Lamas de Mouro, por ser caminho mais direito e mais seguro; porém Martim de Crasto, alcaide que foi de Melgaço e assim Fernão de Crasto, seu filho, que é agora ahi o alcaide, vedaram-lhes o antigo caminho que elles seguiam, e isto por nos fazerem perder a venda do sal e o commercio de Galliza em razão de termos accusado o dito Martim, no tempo da regencia do infante (e chegou até a ser citado para se apresentar na côrte), de trazer ladrões que roubavam as cargas aos Gallegos que vinham ao sal e os prendiam. Martim e o filho querem obrigal-os a passar por Melgaço na vinda e no regresso, e pagar ahi a portagem que elles preferiam satisfazer em «cubulhom» (hoje Cubalhão) ou na ponte do Mouro, onde os alcaides de Melgaço costumavam receber a portagem. Mas porque se desviavam muito do caminho por esse novo itinerário, cessaram quasi todos de vir de Galliza buscar o sal a Valença, e vão por elle a «rondella» (?), a Ponte Vedra e outros portos da sua terra, do que resultou grande diminuição dos direitos fiscaes. Rematava a villa pedindo que não se mantivessem as innovações estabelecidas pelo alcaide de Melgaço. Em resposta manda o rei que o contador o informe do caso, e declare tambem onde se pagava antigamente a portagem e onde é mais conveniente que se pague. E depois de ouvir o alcaide, o faça (ao rei) «todo sabemte» para resolver o que mais achar por seu serviço e bem do povo (1).

 (1) Chancell. De D. Aff. V, liv. XXXVI, fol. 163.

 

Retirado de: 

http://ler.letras.up.pt