MÃES DO MINHO
“Mães do Minho”, de rosto sulcado pela ausência de afago, ficaram nas aldeias, no vazio das casas, abraçadas pelo xaile negro da despedida, carregando o árduo amanho da vida.
Eles, os maridos e os filhos, partiram. Levaram como bagagem, a certeza da incerteza de tudo.
“Mães do Minho”, um pelouro de referência humana, testemunho de uma época, de gerações, reflectidas na memória do tempo, que o próprio tempo jamais apagará. Um tempo cinzento, denso, sombrio. Pedaço de história. Um espaço cronológico e social, onde o êxodo migratório e a guerra colonial se situam, como realidade mártir, feita de dor e de saudade. Vivência de um tempo, numa região, em que as dificuldades económicas e a conjuntura política, aliciaram estes homens dignos, mas carentes de dignidade, a descobrir novos mundos.
Mais do que um louvor, uma homenagem. “Mães de Minho”, é um cântico de amor nunca esgotado, a essas Mães, Mulheres Mães, de sorriso adormecido, enquanto ateiam o amor, em cada gesto cálido e nobre, tocado pela aspereza do pão que o diabo amassou.
São estas, as nossas Mães, as “Mães do Minho”, de braços sempre enternecedoramente abertos, à espera do nosso regresso.
Elas serão, eternamente Mães.
Às “Mães do Minho”, deixo a minha grata admiração, pela sabedoria, pelo exemplo de intemporalidade espiritual, que nos legaram.
Ao autor, Tino Vale Costa, também eu, na condição de Mãe, abraço-o, por este tamanho sentir…
Adelaide Graça
Mães do Minho
Diamantino Vale Costa
Edição Câmara Municipal de Melgaço
2000