HOMENAGEM A ÓSCAR MARINHO
taberna da ti maria do sabino
UM FILATELISTA MELGACENSE
Boticas, 26 Nov. (Lusa) – Um selo de 100 mil réis de 1853, avaliado em 770 mil euros, é uma das principais atracções da Iberex – XV Exposição Filatélica Luso-Espanhola, patente em Boticas até domingo.
O coleccionador Óscar Marinho começou a juntar selos aos 15 anos e hoje, com 70 anos, mostra com orgulho a sua colecção de selos clássicos portugueses, onde se insere o de 100 réis da época de D. Maria II.
“A minha colecção não tem preço. É impagável” afirmou à Lusa o filatelista de Melgaço.
Dos muitos selos que guarda num lugar que recusa revelar, Óscar Marinho gosta de expor a colecção de selos primitivos, feitos entre 1853 a 1870, os que diz terem sido os primeiros selos portugueses.
“Trata-se de selos em relevo que eram feitos um a um, não há um selo igual a outro e a cada diferença chama-se um cunho”, explicou.
Óscar Marinho começou a coleccionar selos depois de ter tido um acidente em que partiu a clavícula.
“Fui a um endireita, que havia em Melgaço, que coleccionava selos. Para não chorar deu-me uma quantidade de selos e a partir daí não parei”, salientou.
Diz ter adquirido selos em leilões, trocas com colegas e até em feiras no estrangeiro e é também lá fora, em países como França, Itália ou Espanha, que gosta de mostrar as suas “relíquias”.
Retirado de:
Collectus – Loja de colecções
http://coleccionar-collectus.blogspot.com/2007_11_01_archive.html
GAZETILHA
O ESPADA
Ao Óscar Marinho
No tribunal de Vimioso:
Chegou à nossa Vila, já de noite,
uma coisa mal jeitosa e de cor preta,
que a dar-lhe nome talvez ninguém se afoite,
e chamar-lhe automóvel, isso era peta.
O dono, uma pessoa respeitável,
chegou à nossa terra tão vaidoso,
que nem guiando o melhor descapotável
que jamais viu o velho Vimioso.
E andou por estas ruas, coisa rara,
roncando como aqui nunca se viu,
essa peça de museu, que talvez cara,
quis ir a Castro um dia e… não subiu.
P’ra vir do Vimioso aqui ao Minho,
levou-lhe quinze dias, sempre a andar,
parou algumas vezes no caminho,
porque a bronquite fazia-o sufucar.
O Óscar, me contou, com graça, até,
algumas peripécias, do caminho;
andaram mais de seis léguas a pé,
p’ra não cansar o pobre coitadinho.
Na ida, sentiu-se a coisa mais cansada,
efeitos da velhice e da distância…
e viu-a toda a gente, então pasmada,
seguir p’ra Vimioso, na ambulância.
E chamaram-lhe o «Espada do Doutor»
a esse traste que agora já não anda…
que a mim mais me pareceu ser um tractor
retirado das brragens de Miranda.
Os meus mais respeitosos cumprimentos,
a quem me encomendou este sermão.
mas, se por isso vou passar tormentos,
direi de novo que aquilo é um carrão.
31/7/960
POESIA POPULAR
Francisco Augusto Igrejas
Câmara Municipal de Melgaço 6
1989
pp. 81-82
Óscar Marinho deixou-nos neste ano de 2018.
Descansa em paz meu amigo.