Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

UM ALFERES DESTEMIDO

melgaçodomonteàribeira, 04.11.17

78 a 2 - Rio Minho, pintura de Murteira (3).jpg

rio minho - pintura de murteira

 

DOMINGOS GOMES DE ABREU

 

Filho legítimo de Maria Gomes de Abreu e marido Domingos da Assureira, de nº 3, foi militar brioso e valente, que numa das companhias de ordenanças da vila de Melgaço serviu com o posto de alferes desde 1675 a 1697 ou seja durante vinte e dois anos e sete meses.

Faleceu em 22 de Setembro de 1697 tendo sido nomeado um pouco antes capitão da sua companhia. A folha de serviços militares atesta a sua coragem e o seu patriotismo. É uma bonita página da história da nossa vila digna de recordar-se.

Quando em 1662 durante a Guerra da Restauração Don Baltazar Pantoja encontrou barrado o caminho de Braga no concelho de Arcos de Valdevez, aquele ilustre militar deixou o quartel de Giela e andando pelos fortes dos Pereiros e Mouriga veio parar aos montes de Lordelo aquartelando o exército em Barbeita entre Monção e o forte da Foz de Mouro; quando aí veio parar e pensou ocupar Melgaço nos começos de Outubro, o alferes Domingos Gomes de Abreu fazia parte da sua guarnição, que obrigou os inimigos a desistirem do projectado cerco, tão valorosamente pelejou.

Destemido mas prudente, corajoso mas sereno, fora o homem escolhido pelo governador da praça de Melgaço para prender Romão Valasquez, havido como traidor à coroa portuguesa e com risco da vida, nesse mesmo ano de 1661, um pouco acima do forte levantado junto da foz do rio Mouro, em vão atravessou o Minho a nado para fazer a referida prisão.

Em 1662 bateu-se com o inimigo no lugar de Valadares nuns paços vizinhos ao rio de S. Lourenço e atravessando outra vez o Minho, já na Galiza, perseguindo-o por entre penhascos até o render, aí prendeu o capitão João Esteves, outro traidor a Portugal.

O seu brio, porém, andava ferido pelas proezas de Romão Valasquez e, por isso no ano seguinte, para o colher às mãos, fez-lhe uma emboscada junto ao forte da Ponte do Mouro e sendo o primeiro que o avistou, sobre ele correu até ao rio Mouro, em cujas águas Valasquez se afogou.

Em seguida foi à Galiza, ao lugar de Padrenda, tomar língua de uma tropa de cavalos, conseguindo trazer consigo três soldados com montadas e armas e ao lugar de Queirão, a cujo saque assistiu e onde, no ano seguinte, 1664, pelejou valentemente.

Foi como mercê por estes serviços, que seu filho primogénito recebeu o hábito de Cristo em 28 de Agosto de 1698.

Casou com D. Francisca Coelho, viúva de Jerónimo Teixeira e filha de Francisco da Rosa e esposa D. Maria Coelho, naturais da vila de Melgaço, neta materna de Gonçalo Afonso Coelho e de sua esposa D. Violante Novais, também oriundos desta vila.

Gonçalo Afonso Coelho e Francisco da Rosa exerceram no termo altas funções como vereadores da Câmara e juízes mais velhos pela ordenação fazendo também parte de algumas mesas da Santa Casa da Misericórdia de Melgaço.

 

O MEU LIVRO DAS GERAÇÕES MELGACENSES

Volume I

Augusto César Esteves

Edição da Nora do Autor

Melgaço

1989

pp. 65-66