MESTRE MORAIS
MANUEL RODRIGUES DE MORAIS
Conhecido e admirado na nossa terra como «Mestre Morais», Manuel Rodrigues de Morais era um amante da música: aprendeu-a, cultivou-a, amou-a, e deixou discípulos e admiradores.
Nos grandes acontecimentos locais, fossem festivos, fossem lutuosos, estamos a ver a Banda dos Bombeiros Voluntários de Melgaço, a desfilar garbosa ou em passo cadenciado em marchas fúnebres com que se associava às lágrimas de familiares que choravam os seus, ou dos amigos que sentiam a perda de alguém que estimavam.
Era de porte austero e solene, e sabia ensinar os seus colaboradores musicais.
Mestre Morais deu glória à sua terra e levou o nome de Melgaço a terras longínquas de Portugal.
Manuel Rodrigues de Morais, filho de João Lúcio de Rodrigues de Morais e de Maria Basteiro, nasceu em Golães, Paderne, no ano de 1890.
Até aos 18 anos, frequentou a Casa Maria Pia, em Lisboa, onde aprendeu música e tirou o curso comercial e com essa idade ingressou, voluntário, no Exército, chegando, como músico, ao posto de sargento. Mais tarde foi para a Marinha de Guerra, sendo promovido a 1º sargento.
Quando a marinha homenageou Gago Coutinho e Sacadura Cabral, foi ao Brasil.
Em serviço, esteve, durante alguns anos, em Lourenço Marques e ainda na América do Norte.
Tirou o curso de violino no Conservatório de Música.
Reformou-se e regressou a Melgaço, tendo vivido até à morte no lugar de Bacelos, em Paderne.
Na terra natal, deu à mesma o concurso do seu talento e do seu amor bairrista: refundou, ensaiou, e regeu a Banda dos Bombeiros Voluntários, que tanta glória deu à nossa terra e muito concorreu para a formação musical de verdadeiros artistas.
O resto da vida passou-o na sua casa de Bacelos, onde faleceu a 3 de Maio de 1971, e donde assistiu desgostoso à morte da sua querida Banda, lamentando-se do abandono a que a Direcção dos Bombeiros a votara e, ainda, do desrespeito e da indisciplina de alguns músicos.
P.e Júlio Apresenta: Mário
P.e Júlio Vaz
Edição do Autor
1996
pp. 295-296