RESENHA HISTÓRICA DE PARADA DO MONTE
PARADA DO MONTE, HISTÓRIA
A ocupação humana do Vale do Mouro no Neolítico está provada pela existência de um núcleo dolménico em Couço referido na Carta Geológica de Portugal e na mamoa da Mina da Mota na zona de Travassos.
Da idade do Ferro poderão subsistir povoados castrejos em algumas cristas dos montes envolventes a Parada ainda não objecto de escavações arqueológicas. Relativamente próximo encontram-se casas redondas nas elevações que se perfilam no curso inferior do rio Mouro (Monte da Ascensão, Senhora da Graça, Tangil, Trute). A montante e a SW de Castro Laboreiro, que está assente num velho Castro proto-histórico, também existe à cota 1033, outro Castro. Parada do Monte poderá ter sido um núcleo da cultura castreja. Só a arqueologia o revelará.
Dos tempos da Romanização não existem vestígios descobertos mas não será de excluir a hipótese de as legiões romanas terem subido o Vale do mouro para dominarem os povos do Laboreiro utilizando uma via partindo das margens do Minho e passando por Messegães, Valadares, Riba de Mouro e Gave. Parada seria um ‘entreposto, local de paragem a caminho de outros locais.
Por esta via também teriam passado os cavaleiros da Reconquista em luta com os Muçulmanos e D. Afonso Henriques quando tomou o castelo de Laboreiro.
A fixação de ordens militares depois da expulsão da mourama está compreendida na política da estabilização e povoamento do território dos nossos primeiros reis. Lamas de Mouro, freguesia próxima de Parada do Monte, esteve ocupada pelos Templários. Houve também interesse régio em colocar na raia do Minho, cavaleiros fiéis concedendo-lhes vastos domínios. D. Afonso Henriques coutou a terra de Valadares que incluía o Vale do Mouro e as povoações de Badim, Cousso, Paderne e Fiães.
Parada do Monte era ainda uma pequena aldeia, de casas cobertas a colmo, rodeada de algumas herdades pertencentes aos monges de Fiães que procuraram ampliar os seus domínios para além do couto que lhes havia sido concedido pelo nosso primeiro rei. Uma das formas que utilizaram foi a de receberem terras por doação testamentária.
Bernardo Pintor ao estudar a documentação existente no Arquivo Distrital de Braga, encontrou uma escritura no ‘Cartulário’ do Mosteiro de Fiães, datada de 1194, referindo Parada do Monte como estando situada ‘subtus mons leporario’, ou seja, sob os Montes Laboreiro.
Num outro documento também do século XII são definidos os limites de Parada do Monte os quais para aquele investigador corresponderiam aos da freguesia.
Uma doação testamentária feita por Afonso Pais e mulher Urraca Dias ao Mosteiro de Fiães, datada de Setembro de 1221, cita uma herdade correspondente à ‘oitava parte de Parada’ com os limites: ‘Pelo Mourilhão até ao Curro de Abril e daí a Fervença e daí ao Parte Águas daí desce pelo rio Menduro e fecha no Mouro…’ Bernardo Pintor em ‘A voz de Melgaço’, de 1 de Novembro de 1947, explica que Curro de Abril se chama hoje Cruz de Abril e fica entre as brandas de Mourim e de Covelo. Fervença é junto à branda de Bouça talvez um nada afastado dos actuais limites. Rio Menduro é o Medoira…….
As Inquirições de 1258 são omissas a Parada do Monte mas ao referirem-se a S. Pedro de Mouro (hoje Riba de Mouro) ‘disseram que quando houver guerra hão de guardar as travessas (travessias) do Monte de Laboreiro. Os habitantes de Parada do Monte estavam também obrigados a prestar tal serviço pois o seu território integrava-se no de Riba de Mouro. Havia ainda o costume antigo de prestarem ‘rogos’ quando algumas pessoas da Galiza casavam e que eram ‘o mesmo que ‘geiras’ ou prestações de serviços agrícolas e cada geira do campo, sendo completa, constava de cinquenta homens de cava. Este costume causava a ruína dos lavradores conforme se aludia numa petição dirigida pelo conselho de Valadares a D. Afonso V. Em 1462, o Rei decidiu que taes rogas nom aver nem se darem nem irem dar a Gualiza nem virem de la os dar cá, tendo fixado a multa de 1000 reais aos que infringissem esta directiva.
Na ocupação humana do território sob os Montes Laboreiro e em particular do Vale do Mouro exerceu importância significativa a circulação de pessoas e bens por estradas e caminhos.
Existia uma via vindo de Valadares pelo Monte da Cumieira e que se dirigia para Cousso, Pomares, Cubalhão e Lamas de Mouro. Daqui continuava para Alcobaça e Porto de Cavaleiros onde atravessava a fronteira. Uma outra derivação atingia Portelinha ramificando-se para o Soajo, Castro Laboreiro e Entrimo. Era o eixo do comércio do gado pela raia seca referido em documentos. Também permitia a circulação do carvão, mel, cera e caça.
Parada do Monte comunicava com aqueles destinos através do percurso pela branda de Travassos, de difícil progressão dado o relevo do terreno, ou então atravessando o Mouro pela ponte da Minhoteira e subindo a Pomares. Era também nesta direcção que se ia à feira em Melgaço com passagem por Paderne, lugar de Moinhos, Ponte da Folia e Remoães. O percurso estabelecia também ligação com S. Marcos onde existia uma barca de passagem do rio Minho permitindo a entrada na Galiza por Arbo.
Havia ainda o caminho seguindo pela margem esquerda do rio Mouro com passagem por Gave, Riba de Mouro até Valadares sede do concelho. Era por ele que se fazia um importante trânsito de pessoas e mercadorias, particularmente nos dias em que havia feira em Valadares.
PARADA DO MONTE, História e Património
Antero Leite
Mª Antónia Cardoso Leite