HISTÓRIA DE UMA VIDA
INTRODUÇÃO
Foi a instâncias da família que decidi alinhavar aspetos da minha vida no dia em que fiz 87 anos.
É um tanto arriscado, porque a memória já tem falhas, e há datas e nomes que já passaram à sonolência, assim como a cronologia dos acontecimentos. Só resta o que resta na memória.
Mas, se há lapsos de memória, o que fica escrito foi feito com honestidade sem intenção de distorcer. Ajudaram-me muito cartas que a Molly escreveu à mãe, de Timor e Austrália, cartas essas que lhe foram devolvidas depois de a mãe falecer. Aquelas cartas foram úteis para lembrar datas e episódios que já estavam em hibernação.
A linguagem é simples e direta, sem floreados. E não seria de esperar escrita mais elevada, considerando que deixei Portugal há mais de 60 anos. A sequência também não obedece a qualquer plano ou metodologia, fui escrevendo o que fui lembrando.
Não se trata, pois, de obra literária, mas sim dum repositório de eventos relacionados com uma vida cheia de experiências variadas.
HISTÓRIA DE UMA VIDA
Carlos Pereira de Lemos
CHIADO Editora
Junho 2016
"O meu nascimento em 1926 não foi auspicioso. Quando tinha oito meses dirigi-me de gatas a uma lareira e peguei num carvão em brasa, o que deixou a mão direita arruinada para a vida inteira. Isto como resultado de assistência médica muito rudimentar no hospital de Melgaço e só quando tinha oito anos é que se resolveu o problema, tendo o dedo médio sido amputado porque estava ligado à palma da mão. Mas foi uma meninice de sofrimento. Felizmente em nada afetou as minhas futuras actividades e até teve um benefício, livrou-me de fazer o serviço militar."
Obrigado Comendador,
tem no sangue as nossas serras, vales, lonjuras do alto dos Laboreiro a olhar pra todo mundo.