MELGAÇO MILITAR EM FINAIS DO SÉCULO XVIII
O SISTEMA DEFENSIVO DO ALTO MINHO
EM FINAIS DO SÉCULO XVIII
Contributo do Engenheiro Militar
Custódio José Gomes de Vilas Boas
Por: Luís Miguel Moreira
O território fronteiriço entre os vales dos rios Lima e Minho, era ocupado pela vasta serra da Peneda, considerada intransponível por um exército moderno, não obstante os caminhos existentes no planalto de Castro Laboreiro, por onde comunicavam as populações locais, de ambos os lado. Em todo caso, estas estradas estavam, como se pode ler no mapa de 1798, em muito mau estado de conservação, dificultando a progressão de um exército que pretendesse viajar com todo o seu trem de artilharia e provisões. Na eventualidade de esta situação ocorrer, era aconselhado um ataque imediato nesta área, de forma a limitar as possibilidades do inimigo.
De qualquer forma, para a vigilância e protecção desta área, existia o castelo de Castro Laboreiro, de planta medieval reformulada ao longo dos anos de acordo com as exigências militares, equipado com algumas peças de artilharia.
Desde Castro Laboreiro, à entrada do rio Minho, a fronteira era estabelecida pelo vale do rio Trancoso – também designado por “rio das Várzeas – cujo vale de margens abruptas era considerado impenetrável. Os únicos pontos de passagem seriam as duas pontes assinaladas no mapa: a ponte de Pouzafolles, ainda em área de montanha, e a Ponte das Várzeas, construída em madeira no lugar de S. Gregório. Por ocasião da Guerra Fantástica, em 1762, foi construído um pequeno reduto para vigiar a estrada do vale do rio Minho, embora tivesse sido considerado arruinado em 1800.
A partir da foz do Trancoso, a fronteira entre Portugal e a Galiza passava a ser estabelecida pelo curso do rio Minho, considerado por Vilas Boas “(um) formidável fosso aquatico das praças fronteiras, com 80 a 100 braças de largura media, e barreira de força activa que em tempo de guerra equivale a muita tropa e reduplica a defensa daquellas praças.
A primeira das defesas da fronteira Norte do Alto Minho, seguindo o curso do rio de montante para jusante, era a vila de Melgaço, equipada com 15 canhões e uma “obra coroa” (fortificação exterior à muralha) sobre a estrada para a Galiza. O castelo, de muralha circular e antiga, não era considerado apto para a defesa, pelo que, Vilas Boas, o indicava para servir de quartel e armazém de víveres das tropas estacionadas naquela parte do território.
Deste modo, a defesa da entrada do rio Minho, deveria ser feita no rio Trancoso, onde seria necessário construir alguns entrincheiramentos, equipados com os canhões de Melgaço, ao mesmo tempo que se demoliria a ponte das Várzeas a fim de dificultar o movimento inimigo.
Em caso de invasão, as tropas portuguesas retirar-se-iam para as montanhas oferecendo a maior resistência possível. Combinando as características do terreno com os meios militares, era possível opor uma eficaz resistência ao invasor, apenas com um pequeno número de homens: 32 artilheiros, um batalhão de infantaria, e alguma milícia e ordenanças, se o inimigo fosse em número muito superior, poder-se-ia recorrer aos reforços de Monção.
Em 1800, Vilas Boas indicava já que a ponte das Várzeas estava “arruinada” e o Castelo de Melgaço havia sido desguarnecido da sua artilharia havia pouco tempo. O autor nada diz sobre uma possível existência dos entrincheiramentos, mas esta informação poderá constituir um indício das preparações para a defesa da Província, seguindo as directrizes apontadas por aquele engenheiro militar.
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http://gib.cm-viana-castelo.pt/documentos/20081031112357.pdf