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MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

PADRE CARLOS VAZ

melgaçodomonteàribeira, 26.12.15

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Em 5 de Setembro de 2009, completaram-se os 100 anos do nascimento do Padre Carlos. Nesse mesmo dia, um Sábado, houve missa solene em Roucas, presidida pelo bispo D. José Augusto Pedreira, e concelebrada por vários sacerdotes de Melgaço. Foi solenizada pelo grupo coral da Senhora-a-Branca, sob a regência do sobrinho Padre Júlio Vaz que, juntamente comigo, padre Carlos Nuno, é um dos organizadores desta obra. No final, houve uma romagem de sentida saudade e gratidão ao cemitério, junto do jazigo de família onde se encontra sepultado. Depois foi o convívio amigo e de lembrar o falecido. Vários foram os eloquentes testemunhos de que se deu conta em «A Voz de Melgaço» de 1 de Outubro de 2009.

    Não se pôde apresentar, nessa data, o livro com os textos que o Padre Carlos escreveu em «A Voz de Melgaço». Nem imaginávamos que tivesse escrito tanto e tão bem.

 

Padre Carlos Vaz: Uma Vida de Serviço

 

Carlos Nuno Salvado Vaz

Júlio Nepomuceno Vaz

 

Edição: Carlos Nuno Salgado Vaz

2010

 

ORFÃOS DO CAPITÃO DOMINGOS GUEDES

melgaçodomonteàribeira, 19.12.15

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ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO

 

CATÁLOGO PARCIAL DO FUNDO DO CONSELHO ULTRAMARINO DA SÉRIE ANGOLA

 

1653, SETEMBRO, 6, LISBOA

 

CONSULTA do Conselho Ultramarino ao rei D. João IV sobre a réplica do requerimento do capelão António Monteiro de Macedo, solicitando provisão para que o governador ou ministros a quem a matéria tocasse ajudasse a embarcar os filhos órfãos do capitão Domingos Guedes, seu parente, para que viessem para o reino e fossem entregues a ele ou a sua tia, mulher do governador de Castro Laboreiro, Pedro de Faria.

AHU-Angola, cx. 5, doc. 125

AHU_CU_001, Cx. 5, D. 543

 

Publicado em: http://actd.iict.pt/eserv:CUc001/CU-Angola-Parcial.pdf

 

 

POR INFLUÊNCIA DO...

melgaçodomonteàribeira, 16.12.15

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 Castro Laboreiro

 

NOTÍCIAS DE MELGAÇO 935, DE 11/6/1950

 

 

 «A 29/5/1950 foi apreendido pelos carabineiros do Monte Redondo (Galiza) o rebanho de Portelinha que, andando a pastar junto do marco 10, se internou acidentalmente 150 m em território espanhol. Logo que os pastores pressentiram a aproximação das autoridades procuraram fazer voltar o gado para Portugal, o que lhes foi impedido, sendo então toda a rês apreendida, bem como cinco pessoas que a apascentavam. Por influência do Presidente da Comissão Concelhia da UN, Dr. Júlio O. Esteves, e Presidente da Câmara Municipal de Melgaço, Dr. Carlos Luís da Rocha, foi no dia seguinte devolvido todo o gado aos seus proprietários, num total aproximado de 700 cabeças de gado caprino e lanígero, e 19 de gado bovino. Os pastores foram também postos em liberdade, excepto Manuel Domingues Fernandes, de Portelinha, que por ter na carteira 5OOO$00, produto de uma transacção nesta Vila, na feira de sábado, teve de ser entregue ao Juiz de Delitos Monetários em Madrid. O Cônsul de Portugal em Orense, a quem o caso foi exposto, oficiou à Embaixada portuguesa em Madrid, relatando os factos e solicitando os seus bons ofícios para a libertação imediata do referido pastor, sendo de esperar que todas as atenuantes sejam levadas em conta. Só quem não conhece a topografia da região fronteiriça de Castro Laboreiro pode admitir que factos semelhantes não sucedam diariamente. Por maior que seja o cuidado dos pastores, facilmente umas cabeças de gado, ou até um rebanho inteiro, transpõe a linha divisória, cuja demarcação é feita por marcos colocados a 1. 000 metros de distância uns dos outros. Torna-se necessário que entre as autoridades fronteiriças haja a melhor camaradagem e à pobre gente da serra sejam concedidas as facilidades que já usufruíram e pelas quais ainda há pouco se bateu na A.N. o nosso ilustre deputado, Dr. Elísio Pimenta. Este facto ocorrido que é bem verdade não teve, ou melhor, não terá consequências de maior, é a prova da razão que assiste ao ilustre deputado e da necessidade que há em apressar o estudo da concessão de facilidades que já existiam, o que só a guerra de libertação da Espanha veio interromper…» (NM 935, de 11/6/1950).

 

DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO II

Joaquim A. Rocha

Edição do autor

2010

p. 302

 

Joaquim Rocha é autor do blogue Melgaço, minha terra

 

UMA LIÇÃO SOBRE O BICHO DA SEDA

melgaçodomonteàribeira, 12.12.15

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AS MINHAS CARTAS

 

Precisamente na situação da indústria paliteira está a indústria da sericicultura, com o centro principal e antigo em Mirandela e um secundário e novo para os lados de São João da Madeira. Com ela não se arranja uma fortuna rápida, mas leva-se melhor a vida e merece a pena experimentar se da mesma se faz ou pode fazer dentro duma dezena de anos uma ocupação doméstica entre as populações rurais de Melgaço.

Todos conhecem a seda animal, esse tecido leve e sempre lindo, muito usado e apreciado pelas senhoras e cavalheiros, pobres ou ricos sejam eles. É o produto da baba dum bichinho que muda de pele quatro vezes e se alimenta apenas de folhas de amoreira, o bicho da seda. Esta cultura, em si, é fácil, embora demande cuidado: eu e alguns outros já cá na terra os cultivamos, como mera curiosidade e se com esse trabalho, quase todo entregue às crianças, não ganhamos um real, isso foi devido tão somente a nenhum de nós ter posto a mira no lucro. Mas, que eu saiba, o mais antigo cultor melgacense do bicho da seda foi o Sr. Cândido Augusto dos Santos Lima, aqui vice cônsul de Espanha, porque eu recordo-me de ir à sua casa dias depois do seu falecimento – teria então os meus nove anos – e detrás da porta da entrada ver e admirar pela primeira vez a sua sirgaria: três ou quatro tabuleiros de fasquias de tabuado ou forro onde os bichinhos pacatamente devoravam as folhas das amoreiras. Sem dificuldades de maior quem quer, pois, os pode cultivar. Questão é de curiosidade e de arranjar quanto antes as árvores fornecedoras das folhas em número suficiente e conseguidas estas comprarem um ou dois gramas de sirgo para aprenderem o traquejo desta indústria caseira.

Tempo é dinheiro, dizem os ingleses, e por isso não aconselho ninguém começar esta melhoria de vida pelo seminário de amoreiras brancas, as melhores para o efeito, quer sejam das variedades Moreti e Multicaule, quer das Selvática e Rosa. Não aprovo também a plantação de estacas, aliás bom meio para a reprodução destas árvores industriais, e não recomendo nem aprovo estes sistemas por serem demorados.

O caminho a seguir é requisitá-las aos viveiros do Estado, especialmente aos de Mirandela, porque em troca de meia dúzia de escudos correspondentes às despesas de transporte recebem-se árvores cresciditas, próprias para passados meia dúzia de anos já darem boa ramada aproveitável. Qualquer casinhoto com água e luz, seco e situado em rua pacata, onde perto não bata o martelo de ferreiro e semelhantes, onde não haja ratos nem entrem as galinhas e seus parentes, serve para a criação. O essencial é saber dirigir os serviços, muitos dos quais podem ficar a cargo das crianças e mulheres da casa.

O sirgo compra-se barato também nas estações oficiais das regiões onde mais desenvolvida está esta indústria, limpo e seleccionado; se contudo alguém preferir raça de fora, rústica e de riqueza sedosa também a adquire com relativa facilidade por intermédio dos serviços de O Labrador. Não é aconselhável principiar a aprendizagem desta indústria por uma ou duas onças de semente porque lá está a sabedoria das nações a lembrar: - grande nau, grande tormenta; ou não vá o asno dar com as cangalhas no chão por levar carga de mais. De resto para a alimentação de 30.000 ou 60.000 bichos da seda são precisas muitas e boas amoreiras.

Deve principiar-se por um a cinco gramas de sirgo e se houver cuidado e higiene com os bichinhos não se admire o cultivador se no fim de dois meses de trabalho, Abril e Maio por exemplo, não receba 200$00 a um conto de réis, pois o grama de semente costuma dar dois quilos de casulos, quilo. Ora, representando o bicho da seda um arremedeio para os pobres, por que Melgaço não há-de experimentar a sericultura e depois implantá-la como indústria concelhia?

 

Publicado em Notícias de Melgaço, 8/4/1956

 

Obras Completas

Augusto César Esteves

Vol. I  tomo 2

Edição Câmara Municipal de Melgaço

2002

pp. 564, 565

 

O MELGACENSE DAS LETRAS AFRICANAS

melgaçodomonteàribeira, 09.12.15

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Pires Laranjeira, que nasceu em 1950, em Melgaço, e viveu no Porto, Luanda, Coimbra e Londrina, é Professor Associado da Universidade de Coimbra, Faculdade de Letras, onde é responsável pelas cadeiras de Literaturas Africanas e de Culturas Africanas e onde leccionou as cadeiras de Literatura Brasileira e Introdução aos Estudos Literários. É Licenciado em Estudos Portugueses, Mestre em Literaturas Africanas e Brasileira e Doutor em Literaturas Africanas. Da sua actividade académica destaca-se ainda a criação e direcção do Mestrado e da Pós-graduação em Literaturas e Culturas Africanas e da Diáspora (2001-2005), na mesma universidade, a docência no programa do mestrado em Relações Interculturais da Universidade Aberta (Porto), nos anos 90, e a colaboração com esta universidade (delegações de Coimbra, Porto e Macau), Universidade de São Paulo e Universidade de Rennes 2, entre outras. Foi professor convidado da Universidade de Salamanca (no ano lectivo de 1996-97), leccionando as cadeiras de Literaturas Africanas de Expresión Portuguesa, de Historia y Cultura Brasileña e de Literatura Brasileña.

Publicou textos científicos, culturais, jornalísticos e literários em mais de 100 jornais e revistas locais, regionais, nacionais e internacionais, desde 1965, e proferiu conferências, deu cursos e participou em reuniões científicas e culturais, desde 1981, em Portugal, Angola, Brasil, Espanha, França, Cabo-Verde, Moçambique, Itália, Suíça, Canadá, Estados Unidos, Áustria, Alemanha, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e China.

Organizou e apresentou programas-rubricas de literaturas de língua portuguesa na rádio (em Angola e Portugal) e organizou vídeos para a Universidade Aberta (transmitidos pela RTP-2). Foi crítico literário dos jornais Diário de Luanda, A Província de Angola (1973-74) e África (Lisboa, anos 80) e é crítico de literaturas africanas do Jornal de Letras (Lisboa, desde 2002). Co-coordenou (c/Ernesto Rodrigues e José Viale Moutinho) os três volumes de Actualização (1960-2001) do Dicionário de Literatura fundado por Jacinto do Prado Coelho, tendo escrito mais de 400 verbetes de Literaturas Africanas e Brasileira. Os seus interesses actuais de investigação englobam história, sociedade, política e cultura nas literaturas africanas e também culturas orientais e do Medio Oriente (nomeadamente filosofia, religião e poesia tradicional e clássica da China, Japão, Índia e Pérsia).

Entre as suas publicações em livro, destacamos: Antologia da poesia pré-angolana (1976); Literatura calibanesca (1987); De letra em riste. Identidade, autonomia e outras questões na literatura de Angola, Cabo Verde, Moçambique e S. Tomé e Príncipe (1992); A negritude africana de língua portuguesa (1995); Literaturas africanas de expressão portuguesa (c/ Inocência Mata e Elsa Rodrigues dos Santos) (1995); “Le monde lusophone (Chapitre V): la littérature coloniale portugaise”, in Jean Sevry (ed.); Regards sur les littératures coloniales. Afrique anglophone et lusophone, tomo III (1999); Negritude africana de língua Portuguesa. Textos de apoio (1947-1963) (2000); Estudos afro-literários (2001, 2ª ed. 2005); Cinco povos, cinco nações. Estudos de literaturas africanas de língua portuguesa (c/ Maria João Simões e Lola Geraldes Xavier, org.) (2007).

 

 

Retirado de:

                  www.unicepe.pt

 

ÉRAMOS NOVE IRMÃOS.

melgaçodomonteàribeira, 05.12.15

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Cristóval

 

SALVARAM-ME A VIDA

 

Nasci no dia 3 de Maio de 1919. Éramos nove irmãos.

Actualmente, só eu e a minha irmã estamos vivas.

Não cheguei a conhecer o meu pai. Eu e a minha irmã não somos filhas do matrimónio e esta (minha mãe?) nunca nos disse quem era o meu pai, sei, segundo fontes, que já morreu.

Cedo comecei a trabalhar. Como vivo na zona de fronteira, comecei cedo a ganhar o meu sustento através do contrabando.

Comecei a fazer contrabando de galinhas, de ovos e depois nas sardinhas.

Quando andávamos na rambóia das galinhas, tínhamos que passar o rio, para isso tínhamos que cortar uma árvore para passarmos.

Muitas vezes, fomos apanhados pelos carabineiros e éramos obrigados a deixar as galinhas atrás e fugir a sete pés.

Uma vez, quando tentava ir para Espanha, os carabineiros começaram aos tiros contra nós. Eu, para fugir, meti-me no rio e fiquei presa em dois cotos, lembro-me que levava uns soques novos e um foi pelo rio abaixo. Quando os carabineiros nos viram, pegaram-me pelos cabelos e salvaram-me a vida, levando-me para a berma do rio. Já estava a afogar-me. Entretanto, levaram-me para Monte Redondo e apresentaram-me ao cabo que os mandou entregar-me à guarda de Pousa Foles. Estes entregaram-me à minha mãe. Ouvi dizer que o carabineiro que me salvou ganhou um prémio.

Durante a minha mocidade, para além de trabalhar, namorava muito. Era muito bonita, tinha um cabelo extraordinário. Durante os bailes as minhas amigas zangavam-se comigo, porque os rapazes só queriam dançar comigo pois dançava muito bem. Um dia conheci o meu marido num baile e mais tarde casamos.

Entretanto foi para Lisboa trabalhar e eu fiquei grávida, tendo que trabalhar para me sustentar. O meu marido nunca mais voltou. Segundo me disseram, arranjou uma amante e eu tive de criar a nossa filha sozinha.

Passei muita fome, mas à minha filha não lhe faltou nada.

A minha mãe para me ajudar a matar a fome até moía os casulos para fazer a bica. No entanto, um meu vizinho que conhecia as minhas necessidades e fraquezas quis casar comigo e tomar conta de mim. Casámos e ele sempre me estimou muito, tal como à minha filha. Actualmente, a minha filha Palmira Já tem 63 anos e já tenho dois netos e um bisnetinho.

Eu tenho 82 anos, estou viúva, vivo sozinha. Porém, quase cega e com poucos anos para viver continuo com muita esperança e fé em Deus.

 

                                                           Elvira Domingues – Cristóval

 

Retalhos de Vidas

Edição: Câmara Municipal de Melgaço

Outubro 2002

Pág. 21-22

 

UM MELGACENSE DE MÉRITO

melgaçodomonteàribeira, 02.12.15

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ADRIANO MARQUES DE MAGALLANES

 

Nació el 10 del julio de 1925 en San Gregorio – Melgaço (Portugal). Estudió ciencias políticas y es licenciado en Derecho, Graduado Social y Diplomado por la escuela central de idiomas. Desde el año 1965 es cônsul general de la República del Ecuador y fue once años decano del cuerpo consular de Vigo. En el ámbito de la política presidió el Partido Demócrata Popular de Galicia (1982 – 1987). Año 1983 – 1987 fue Vicepresidente de la Diputación Provincial de Pontevedra siendo presidente Mariano Rajoy Brey. Fue Concejal en el Ayuntamiento de Vigo. Diputado Provincial, Diputado Nacional y Senador del Reino. En el ámbito de la Cultura es Académico Correspondiente da la Real Academia de Bellas Artes de Granada, Miembro de la Sociedad de Geografía de Lisboa y del Instituto Brasileiro de Cultura Hispánica. Preside la empresa Pantenón fundada en el año 1958 y que hoy alcanza proyección internacional. Su hijo Alejandro empresario y abogado, supo darle la dimensión actual. Está en posesión de la primera medalla de Oro de la Facultad de Bellas Artes de Pontevedra en justo reconocimiento a su incansable esfuerzo para la criación de la misma siendo entonces presidente de la comisión de Cultura da la Diputación Provincial. Fue Consejero de Radio-Televisión de Galicia, y Benemerito Bomberos Voluntarios de Melgaço Portugal. El 1 de octubre de 1988 el Ayuntamiento de Padrenda (Orense) le concede el título de hijo adoptivo del município y posteriormente en 1996, acordó dar su nombre a una calle y el descubrimiento de un busto. Año 1995 Bayona la Real le concede el título de hijo adoptivo.1994 Vigo le concede el título de Vigués Distinguido, en su terra San Gregorio, Melgaço Portugal le dedican su nombre a la plaza principal del pueblo. Está en posesión de la Cruz al Mérito Naval com Distintivo Blanco, la Encomienda de Número da la Orden de Isabel la Católica, Comendador de la Orden Infante Don Enrique Portugal, Comendador de la Real Orden de Nuestra Señora de Vilaviçosa concedida por el Príncipe Don Duarte, Comendador, Gran Oficial y Gran Cruz de la Orden al Mérito Nacional Ecuador.

 

Retirado de:

www.verbumeditorial,com/es/autores/List/listing/adriano-marques-de-magallanes-425/1