Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

TI ÓSCAR, O MESTRE ESQUECIDO

melgaçodomonteàribeira, 01.08.15

Exposição de Óscar Marinho

 

CARPINTEIROS


Tal como os alfaiates, barbeiros, sapateiros, ferreiros, serralheiros, etc., os mestres carpinteiros fizeram, outrora, parte de uma elite de profissionais – As Artes e Ofícios. A partir do momento que surgiram as carpintarias e as fábricas de móveis tudo se alterou. Agora, no séc. XXI, praticamente não existem! Havia dois tipos de carpinteiros: aqueles que tinham oficinas, nas quais faziam móveis, que se chamavam marceneiros; e os outros, os que andavam nas construções, fazendo os madeiramentos, as portas de casa, janelas, etc. – esses eram os carpinteiros d’obras. Existe também o carpinteiro de cena, que trabalha nos teatros, mas em Melgaço, s.e., nunca houve nenhum. Eis algumas das ferramentas utilizadas: cantil, cepilho, enxó, fio de prumo, formão, machada, maço, martelo, plaina, serra, serrote, etc. Não dispensava o banco, onde trabalhava a madeira. O marceneiro mais famoso, um artista, foi Abel Augusto Rodrigues (1903-1988). Os seus trabalhos em talha e de restauro podem admirar-se nas capelas e igrejas de Melgaço e de Riba de Mouro. Ensinou o filho do primo, Eurico José (ex-provedor da SCMM), que por essa Europa deixou trabalhos de restauro que – segundo consta – foram muito elogiados. Outro carpinteiro conhecido, não tanto pela profissão, mas como figura popular foi Flórido Esteves (1911-2001). Teve oficina na Assadura. Outro foi o “Lucas”, o regedor da Vila, com oficina na Loja Nova, de sociedade com Manuel do Caneiro. Um dos mais habilidosos foi Fernando de Castro Pinto Barbosa (1930). Teve oficina na Rua do Rio do Porto. Como carpinteiro d’obras tivemos, além de outros, Inocêncio Augusto Pereira (Melgaço, 1909-Cerveira, 1993). Era, nalguns casos uma profissão de risco. E a prová-lo está a morte de Carlos Fernando Vilaça, casado, de Braga, que trabalhando numa casa, na vila de Castro Laboreiro, foi atingido pela manobra de uma camioneta de carga, a 18/11/1968, esmagando-lhe a cabeça! (Sobre este assunto ver VM 1013, de 1/9/1994, p. 11)

 

Dicionário Enciclopédico de Melgaço II

Joaquim A. Rocha

Edição do autor

2010

p. 108