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MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DÉCADA DE 70 DO SÉCULO PASSADO

melgaçodomonteàribeira, 02.05.15

Cabeçalho d'A VOZ de MELGAÇO de 1 de Maio de 1974

 

 

DESINTERESSE DO SR. PRESIDENTE? …

 

O Secretário Nacional da Informação e Turismo visitou recentemente o Distrito de Viana do Castelo. Pelos relatos da imprensa soubemos que o Presidente da Câmara de Melgaço só pediu uma coisa: um subsídio para as Festas da Vila, também denominadas do Concelho. E vem um membro do Governo à Província com o objectivo de auscultar as necessidades dependentes do seu departamento, e há um Presidente de Câmara que lhe apresenta uma ajuda para as Festas!...

Vendo nos mesmos relatos da Imprensa, que nada mais dizem a respeito de pedidos feitos pelo Presidente da Câmara de Melgaço, achamos que devemos defender a honra da nossa terra, posta em causa, sem dúvida inconscientemente, pelo dr. Sidónio. Não seria mais objectivo pedir um auxílio para a Escola de Música, que se criou na nossa vila com tantos auspícios?

Não estaria de acordo com o Departamento de Informação e Turismo, pedir ajuda para o recheio do Museu, onde um lobo embalsamado guarda as paredes? Não há documentos a fotocopiar que dizem respeito à História de Melgaço? Não há obras publicadas que se devem adquirir? Não há quadros de Jaime Murteira e fotos de Sampayo que devem figurar nesse museu?

Não carece Melgaço de uma Pousada, já que a de Castro não resolveu o problema central do Concelho e os hotéis do Peso encerram no Outono e Inverno?

Não havia, por imposição das exigências do Turismo, que pedir a influência do Secretário de Estado, que nos visitou, junto do Governo Português para que este interviesse em Madrid, a fim de que as barragens do rio Minho fossem construídas de forma a permitir o acesso do peixe – salmão, sável, lampreia e truta – e assim se evitaria o desaparecimento de tão delicioso peixe?

Não seria oportuno falar na estrada do Mezio de forma a ligá-la à de Lamas de Mouro, abrindo desta forma Melgaço ao turismo nacional, através das lindas serras que nos dominam com entrada por Castro? Fazendo-o não concorria para se criar o verdadeiro circuito do Minho: Braga, Arcos, Melgaço, Monção, Valença, etc.?

E sabendo-se que os Hotéis do Peso servirão, um dia, de apoio ao turismo do Parque Nacional «Peneda – Gerês», porque razão o dr. Sidónio não levantou o problema tanto mais que a Empresa pensa em construir um hotel?

Como classificar a atitude do Presidente da Câmara que esqueceu todos os verdadeiros problemas turísticos de Melgaço?

Não podem os representantes do Governo adivinhar. Estes factos levam-nos a perguntar: se o Governo Civil e o Ministério do Interior podem estar satisfeitos com um colaborador destes.

O Concelho não está, e a ajuizar pelos relatos da imprensa referentes à atitude do dr. Sidónio perante o Secretário de Estado de Informação e Turismo, mais uma razão e grave veio avolumar o seu descontentamento. Ninguém gosta de ser esquecido, sobretudo quando tem direito a ser lembrado. E o representante dos nossos direitos regionais não cumpriu.

Com vista aos srs. Governador Civil e Ministro do Interior.

 

                                                                                    JÚLIO VAZ

 

A Voz de Melgaço, 530, Melgaço, 1 de Maio de 1974