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MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

VERTIGENS

melgaçodomonteàribeira, 30.05.15

 

A pedra de toque desta obra de Albertino Gonçalves é a vertigem, uma repentina névoa do olhar que o leva a perder nitidez, associada a um ligeiro desequilíbrio que complica os movimentos, baralhando os gestos e as acções humanas. O sociólogo cujo olhar, por natureza epistemologicamente calculado e vigiado, se deixe tentar pela vertigem deste desequilíbrio humaniza todavia o conhecimento, aproximando-o da condição humana e das figuras que a exprimem, não apenas a ambivalência e o desassossego, mas também o enigma e o labirinto. (…) A indagação sobre a natureza das práticas e das classificações sociais coloca-nos na senda da sua irremível vertigem e viscosa ambivalência, reconduzindo-nos ao quotidiano, prosaico umas vezes, exaltante, outras, em que a existência humana se decide.


Vertigens. Para uma sociologia da perversidade

Albertino Gonçalves

Grácio Editor

2009

 

MELGAÇO ESCENARIO DE PELÍCULA

melgaçodomonteàribeira, 23.05.15

Museu de Cinema

 

O SEU MUSEO DE CINEMA PERCORRE TODA A
HISTORIA DA SÉTIMA ARTE

 

ere gradín

Melgaço nasceu á sombra do castelo mandado erixir por Afonso Henriquez e a vila articúlase ao redor da fortificación medieval asomada ao Miño. E aquí, alén da fronteira, entre un labirinto de cañellas onde se apiñan fermosas casas de pedra, atópase o Museu de Cinema, único no seu xénero en Portugal e dos poucos dedicados integralmente á Sétima Arte en toda a península.

Foi o francés Jean Loup Passek, melgacense de corazón, quen hai uns anos decidiu doar á Câmara Municipal a sua impresionante colección de obxectos, carteis e pezas relacionadas co cinema, que acolle o antigo edificio restaurado da Guarda Fiscal. A planta baixa do espazo museístico alberga o precine, o tempo anterior á invención do cinematógrafo polos irmáns Lumiére – a primeira proxección pública nunha pantalla foi en 1895 -, onde se podem ver lanternas máxicas, sombras chinesas, discos estroboscópicos, zootropos e teatros ópticos, entre outros inventos e produtos da historia da Sétima Arte.

Máquinas, aparellos e obxectos, á parte de carteis orixinais en tea, fotografias e documentos diversos que falan da importancia da aparición da industria cinematográfica. Entre as moitas imaxes expostas neste peculiar moseo atópase a do proprio Jean Loup Passek xunto a unha foto dedicada do director máis lonxevo do mundo, o portugués Manoel Oliveira. Apaixonado do celuloide, Passek dirixiu o departamento cinematográfico do parisiense Centro Georges Pompidou e foi director do Festival da Rochelle. Ademais da exposición permanente, o museo conta cunha sala de exposicións temporais, na actualidade sobre o cinema xaponés.

 

Retirado do jornal:

 

farodevigo.es – 31/01/2011

 

http://galego.farodevigo.es/fin-semana/2011/01/31/planes/que-hacer/melgaco-escenario-de-pelicula/13083.html

 

ACTAS I CONGRESO MEMORIA HISTÓRICA - IIII

melgaçodomonteàribeira, 20.05.15

Portos, Castro Laboreiro

 

(continuação)


En abril de 1940 aínda a Embaixada española en Lisboa mostra a súa preocupación sobre algúns refuxiados españois que están a cometer roubos a man armada e que, unha vez cometidos os delictos, se internan en Portugal. Nese mesmo mes refórzase tanto do lado portugués como do lado galego a presencia de tropas para vixilar e perseguir ós fuxidos españois. No concello de Entrimo establécese unha compañía enteira de infantería com pequenos destacamentos comandados por sarxentos nas pequenas poblacións da fronteira.
Ainda en setembro de 1940 vaise organizar un operativo desde o posto fiscal de Castro Laboreiro para proceder á captura dos refuxiados españois que, nos Ribeiros, se encontran armados, sabendo que é empresa moi complicada e que sería preciso unha forza de dezaséis homes para reducir a un grupo de seis refuxiados españois que se encontran armados.
En realidade, ata o finais da década dos cuarenta a presencia de fuxidos españois nas serras á redor de Castro Laboreiro é moi evidente, amparándose, como afirmaba o xefe dun destacamento da Guarda Nacional Republicana portuguesa recrutado para acabar coa presencia de refuxiados na freguesía de Castro Laboreiro:

“Uma batida completa à serra, dada a imensidade desta, exigiria milhares de homens e, em virtude da carência de estradas e caminhos capazes e da falta de recursos, julgo-a impraticável. Enquanto aquela região, pela ausência quase completa de vias de comunicação, estiver, como está, isolada do resto do País, será sempre um possível refúgio, a que dá imensas facilidades a natureza montanhosa do terreno, formado por enormes montanhas, sulcado de ravinas (barrancos) que são verdadeiros precipícios, frequentemente coberto de gigantescos penedos de caprichosos recortes, e, em muitos sítios, coberto de carvalheiras, giestais de três e quatro metros de altura, urzes, e outra vegetação selvagem. A população vive a vida mais miserável que é possível imaginar-se; as habitações são choças imundas onde as pessoas vivem na mais repugnante promiscuidade com os animais. As culturas, de centeio e batata, únicas que ali se fazem, não chegam para o consumo dos habitantes, e desenvolvem-se lentamente e com dificuldade. Até há pouco tempo, os homens emigravam em grande quantidade para Espanha e França, e, com o produto do seu trabalho nesses países, sustentavam as suas famílias; mas, desde que começou a guerra de Espanha, essa emigração acabou, o que veio a agravar extraordinariamente a situação daquela gente. Pelo atraso em que a população se encontra, pode afirmar-se que fazer uma viagem a Castro Laboreiro corresponde a recuar alguns séculos no tempo. Afirma o abade da freguesia que quase todos os seus habitantes são comunistas, porque não frequentam a Igreja. O que eles são, com certeza, é miseráveis e analfabetos; mas a irreligiosidade daquela gente já era um facto quando ainda se não falava em comunistas. O auxílio que os habitantes tenham prestado aos refugiados explica-se talvez melhor pelo facto de, dado o isolamento em que a freguesia está do resto do País e até do concelho, as suas relações normais serem feitas desde longa data com os espanhóis.” *

 

*ANTT, Ministério do Interior. Gabinete do Ministro. Livº 2. Sect PV. Fol. V. Nº 3. Iniciado em 20-6-1938. Serviços de exploração da serra da Peneda, com o fim de capturar emigrados espanhóis.

Agradezo as suxerencias realizadas a este traballo polo professor e compañeiro Xosé Ramón Quintana Garrido.


Naron, 2003
Ángel Rodríguez Gallardo

www.memoriahistoricademocratica.org

 

UM EXÍLIO ESCUSADO E VIOLENTO

melgaçodomonteàribeira, 16.05.15

Brasão da Casa do Rio do Porto

 

D. MARGARIDA MARIA ESTEVES

 

Nasceu na Rua Direita em 3 de Janeiro de 1895 e no baptizado foram padrinhos Joaquim do Carmo Álvares de Barros e Maria do Carmo Álvares de Barros, solteiros, da vila e tios maternos da baptizanda.
Na vila casou em 21 de Setembro de 1918 com Ernesto Viriato dos Passos Ferreira da Silva, filho de D. Maria Beatriz da Silva Valente, falecida em Braga no mês de Novembro de 1940, e secretário de finanças neste concelho, cujo porvir foi um encadeado de triunfos sucessivos todos eles devidos à sua inteligência fulgurante e ao seu carácter impoluto.
Ferreira da Silva é republicano desde os bancos de liceu de Braga, pois na quadra estudantil já esteve filiado na Liga Académica Republicana e no Centro Republicano Dr. Manuel Monteiro, esse jurista que na velha terra dos Arcebispos foi uma das glórias portuguesas quer no campo político quer no campo das letras.
Quando estava em Melgaço filiou-se no Partido Republicano Português e aí foi um dos presidentes da respectiva Comissão Municipal Republicana como foi um dos sócios fundadores dos Bombeiros Voluntários de Melgaço.
Também ao tornar-se evidente a necessidade da luta sem desfalecimento pelo engrandecimento deste torrão e de cara levantada combater a prepotência e arbítrio de um político despótico e intolerante, embora Ferreira da Silva já não pertencesse aos quadros do funcionalismo melgacense, a sua acção sentiu-se na orgânica do semanário Melgacense, cujo primeiro número saiu à publicidade em 21 de Fevereiro de 1926.
Em 1925, quando ainda se encontrava em Melgaço, foi nomeado Governador Civil do distrito de Viana do Castelo, cargo por ele exercido até à revolta de 28 de Maio de 1926, ano em que seu nome foi indicado por Braga para disputar nas eleições daquele ano um dos lugares de deputado.
Chefiava a Repartição de Finanças de Vila Nova de Famalicão quando rebentou a revolta do 3 de Fevereiro de 1929 e como nesses dias foi acusado de nela participar, ausentou-se da sede do concelho e em casa de um amigo daquela região minhota se conservou escondido das vistas dos Argos situacionistas.
Em Monção e num conciliábulo de autoridades políticas, contudo, foi ele apresentado ao respectivo Ministro do Interior como representando um grande e grave perigo para a situação política de Melgaço e como a autoridade local não garantia o vencimento da eleição enquanto o mesmo estivesse livre de peias, logo ali foi fixada residência na vila de Sines àquele grande amigo da nossa terra.
Esse escusado exílio violento fixa-se por esta carta:

 

                «Meu querido Augusto

 

Impedido provisoriamente de continuar na direcção efectiva de o Melgacense venho rogar-te a subida fineza de, na minha auzencia, fazendo o sacrifício de me substituíres, com absoluta liberdade para lhe imprimires a orientação que achares conveniente aos interesses da nossa linda terra e à causa da República de que és valeroso e decisivo defensor.
As dificuldades nas comunicações exigem de ti mais este sacrifício e conto antecipadamente com a tua aquiescência, tão certo estar da tua boa amizade, que muito me honra e da tua dedicação que sinceramente admiro.
Os leitores e assinantes de o Melgacense só terão a lucrar com a substituição, o teu nome e o teu passado garantem a defesa dos interesses de Melgaço e a propagação desassombrada da doutrina republicana, de que és um dos melhores e mais corajosos apóstolos.
Se mo consentirem, escreverei regularmente as cartas de longe onde penso continuar o apostolado da democracia a par do estudo crítico dos problemas mais instantes da vida do concelho pugnando como sempre pelo seu desenvolvimento. Que me perdoem o cometimento, para o qual conto apenas com o entusiasmo da minha mocidade e com a minha fé imperecível no triunfo da causa sagrada a que me devotei. Na ribalta política há altos e baixos… É na adversidade que se conhecem os homens e se revelam os caracteres. É na luta que os espíritos se fortalecem e se afirma a coragem moral. Respondo por mim. Hoje como hontem, seguro dos meus actos e firme na minha ideologia, é grande, ardente, imperecível a minha fé na justiça, que a todos julgará friamente e implacavelmente.
Agradece-te a publicação desta carta o teu

                            

                 Correligionário e amº devotado e obrig.mo

Sines, 18-1-928
Ferreira da Silva

 

Pouco depois de acabar esta triste e inútil situação de violência inteiramente escusada Ferreira da Silva abandonou a carreira burocrática e em 1929 assumiu as funções de Delegado da Administração da Companhia Hidro-Eléctrica do Varosa e em 1931 foi nomeado seu director, como mais tarde o foi da Chenop, isto é, da Companhia Hidro-Eléctrica do Norte de Portugal.
A faceta mercantil deste funcionário estatal de outrora e que o coração se encarregou de fazer melgacense devotado, outros triunfos mostra, porquanto em 1939 foi proposto para Presidente do célebre Clube dos Fenianos, de 1940 a 1944 exerceu com brilho as funções de 1º Secretário do Ateneu Comercial do Porto e em 1945 foi eleito Presidente da Direcção dos Bombeiros Voluntários Portuenses, para aqui se não falar detidamente do seu secretariado e da sua presidência do Rotary Clube do Porto, onde Ferreira da Silva deixou uma obra notável toda cheia de bem fazer.

 

Filhos: D. MARIA IVONE ESTEVES FERREIRA DA SILVA

 

O MEU LIVRO DAS GERAÇÕES MELGACENSES
Volume I
Augusto César Esteves
Edição da Nora do Autor
Melgaço 1989
pp. 453-456

 

ACTAS I CONGRESO MEMORIA HISTÓRICA - II

melgaçodomonteàribeira, 13.05.15

O fardel da guerra

Dibujo de Conde Corbal Carpeta

 

(continuação)

 

 

A PVDE sabe da presencia en Castro Laboreiro de varios refuxiados na inverneira de Cainheiras, no lugar fixo de Portelinha, etc. Os falanxistas españois introducíronse en territorio portugués com asiduidade desde as primeiras datas da sublevación, mesmo obrigando a intervención da Comandancia Militar de Ourense que se viu na necesidade de castigar preventivamente a eses elementos incontrolados.

Son moitas as notificacións das policías portuguesas sobre a presencia de “refugiados comunistas espanhóis” entre a fronteira de Ameijoeira e Castro Laboreiro: o grupo formado por Manolo O do Dente de Ouro e o expolicía da Generalitat de Cataluña Ramón Yañes Pereira O Médico, que se movían por toda a freguesía de Castro Laboreiro, xunto coa amante deste último, Rosa Alves A Africana, veciña de Ribeiro de Baixo, e nai de catro contrabandistas; fuxidos perseguidos insistentemente pola policia portuguesa e considerados peligrosos como o comunista de Bande Felisindo Lopez Pazos e José Alemany; outros fuxidos menos significados como José de Sousa “O Gaiteiro”, natural de Pereira (Entrimo), etc. Naquela extensa área que vai desde Alcobaça ata Ribeiro de Baixo estabeleceuse unha persistente vixilancia, que, sen embargo, resultaba demasiado ampla e difícil de controlar polos obstáculos naturais e a facilidade de refuxios, a meirande deles furnas ou grutas, que topaban os fuxidos na serra cando eran perseguidos.

Desde os postos de Portelinha e Castro Laboreiro tratouse de localizar e capturar ó refuxiado Pepe Trabazos, protexido por unha cidadá portuguesa residente na branda de Queimadelo, quen coa chegada do inverno trasládase a inverneira no val de Pereira, mentres o seu protexido mantense arriba na branda. A policía portuguesa sigue organizando batidas, algúns dos refuxiados preocupan máis ca outros. Ás veces son grupos de sete ou oito policías. Os primeiros días de decembro de 1936 o tenente de infantería Fernando José Lopes destina un grupo de homes ós postos da serra e a Ribeiro de Baixo para averiguar sobre a “capitana dos refuxiados españois” daquela poboación, a devandita Rosa Alves. Nos dous Ribeiros, de Cima e de Baixo, lugares fixos, lévase tempo notando a presión policial. A PVDE captura a Rosa Alves A Africana o 26 de outubro de 1937, moi popular no val de Pereira e com familia na aldea arraiana de Olelas, fronte do lugar fixo da Várzea. A comunicación secular entre os dous Ribeiros e as aldeas entrimeñas de Bouzadrago e Pereira tiñan fomentado a criación de roteiros vinculados ó contrabando, empregados polos familiares dos escapados para abastecelos de comida e roupa, evitando ser controlados polos carabineiros españois ou pola guarda fiscal portuguesa.

En Lamas de Mouro a policía ten constancia tamén da presencia de refuxiados antifranquistas. Algúns deles optan por vestir elegantemente porque lles permite alixeirar certa presión das forzas represivas, aínda que prefiren ir armados por se se ven na obriga de defenderse.

Na branda de Seara, doutro lado da Pena de Anamán, hai varios refuxiados españois, entre eles Manuel Fernández González O Curto, acollido na casa da súa amante. Sospeitando da presión das forzas represivas, pernocta nunhas fragas próximas. Algúns habitantes destas serras son reincidentes en agachar refuxiados españois na serra, polo que se ven sometidos frecuentemente a rexistros nas súas vivendas. Nesa mesma branda está agachada unha familia enteira. Como todos, esperan documentación para internarse ó centro do país, pero resultalles complexo porque Eudosia Lorenzo Diz, de vintecinco anos, quen antes do golpe militar era mestra en San Ginés no concello limítrofe de Lobeira, ten un fillo. Para non levantar sospeitas viste o traxe típico de castrexa. Ademais, móvese cos seus pais: Agustín Lorenzo, un home de cincuenta anos, que sofre as inclemencias dunha hernia, e Basilisa Diz, cinco anos máis nova e que ten un sinal característico na faciana. Outras testemuñas, conseguidas pola policía tras interrogar os veciños, sitúaos na inverneira de Entalada ou na branda de Rodeiro; outras din que están nos lugares fixos dos Ribeiro, quizais na inverneira de Alagoa ou nas brandas dos Portos. En realidade, ó integrarse coa poboación local aconpáñanos nas súas migracións anuais, e as veces, ante a abafante presión policial e dos confidentes, saltan a algunha aldea galega, como Cabanelas, onde tamén consiguen acocho.

No labor de control da fronteira, a Guarda Fiscal de Melgaço e Ponte da Barca encárganse de reforzar os postos da Peneda e Ameijoeira para evitar que os refuxiados na serra da Peneda cruzen a fronteira ou escapen para o sur. Saben que se esconden en cavernas e o aumento no número obrígalles a realizar expedicións periódicas moitas delas pela noite para empregar o factor sorpresa.

 

 

www.memoriahistoricademocratica.org

 

 

(continua)        

 

AS ORDENAÇÕES AFONSINAS

melgaçodomonteàribeira, 09.05.15

 

UM DOCUMENTO FUNDAMENTAL PARA A COMPREENSÃO DAS LEIS PORTUGUESAS NA IDADE MÉDIA.

 

Os primórdios da Dinastia de Avis trazem consigo a premente necessidade de coligir o Direito vigente no reino, abrindo caminho para uma autêntica lida codificadora, que irá terminar na vila de Arruda em 1446. Mas será que essa compilação de leis, que chegou aos nossos dias sob a designação de Ordenações Afonsinas, foi a mais antiga a vigorar em Portugal?
Em redor dessa faina compiladora, imortalizaram-se os nomes do coevo corregedor da Corte, João Mendes, e do Doutor Rui Fernandes. Mas não será justo conjecturar que os nomes de outros compiladores podem ter ficado sepultados na tumba rasa do esquecimento? Qual o papel do notável jurista, João das Regras, que avassalou a Assembleia coimbrã de 1385?
O cotejo documental permite sondar o árduo caminho palmilhado, há mais de seis séculos, por esses percursores das Ordenações e dos Códigos modernos. Será que, como se acreditou durante muito tempo, a diferença de estilo de redacção, entre o livro I e os livros de II a V, tem a ver com o punho compilador?
Outra questão lancinante é a da efectiva vigência da compilação, nas seis décadas seguintes à sua conclusão. O facto de ainda não existir a Imprensa, será argumento suficiente para a sua escassa divulgação e fraca influência no quotidiano jurídico da segunda metade de quatrocentos? Qual a efectiva preponderância em relação ao Compromisso de D. João II e às Ordenações Manuelinas?

 

Título: As Ordenações Afonsinas
Três Séculos de Direito Medieval
(1211-1512)
Autor: José Domingues
2008

 

JOSÉ DOMINGUES nasceu em Lamas de Mouro (c. Melgaço) em 1969. Licenciou-se em Direito na Universidade Católica Portuguesa – Porto (1995) e âmbito da História do Direito Medieval Português (2008).
É autor de alguns livros e artigos no âmbito da História Local, mas também de interesse histórico-jurídico e da História em geral, nomeadamente:
O Couto de S. João de Lamas de Mouro, Porto, 1999.
“O Direito do Padroado da Igreja de Castro Laboreiro na Idade Média”, Boletim Cultural de Melgaço, 2002.
O Foral de D. Afonso Henriques a Castro Laboreiro, “adito” para o debate, ed. Núcleo de Estudos e Pesquisa dos Montes Laboreiro, 2003.
“O Foral Afonsino de Monção”, Estudos Regionais nº 23/24, Viana do Castelo, 2003.
“Padroado Medieval Melgacense (S.ta Mª da Porta, S.ta Mª do Campo e S. Fagundo)”, Boletim Cultural de Melgaço, 2005.
“Caça ao Lobo – Legislação Arcaica”, Agália nº 83/84, 2005.
“Paderne Militar”, Boletim Cultural de Melgaço, 2006.
“A Pastorícia e ‘Passagem’ de Gado na Serra do Laboreiro”, Boletim Cultural de Melgaço, 2007.
“Brandas e Inverneiras, o nomadismo peculiar de Castro Laboreiro”, Arraianos, 2007.
Contrabando pela raia seca dos Montes Laboreiro (em publicação).
É um dos dois fundadores do Núcleo de Estudos e Pesquisa dos Montes Laboreiro:
www.monteslaboreiro.com
Actualmente é docente na Universidade Lusíada, Porto.

 

ACTAS I CONGRESO MEMORIA HISTÓRICA

melgaçodomonteàribeira, 06.05.15

Montes Laboreiro

 

A REPRESIÓN FRANQUISTA EN GALICIA


ENTRE BRANDAS E INVERNEIRAS: REFUXIADOS E GUERRA CIVIL NA FRONTEIRA ENTRE OURENSE E PORTUGAL

 

Ángel Rodríguez Gallardo
IES Pazo de Mercé
Narón, 2003


Irene Rodríguez García, coñecida como A Pasionaria de Ferreiros, no concello de Entrimo, presa no cárcere de Bande máis de catorce meses, lembra que a represión foi terrible, porque na súa aldea había moita xente de esquerdas. O feito de que o seu irmán José desertase e fuxira a Portugal contribuiu o seu encarceramento, por ser o familiar “máis caracterizado”, segundo as disposicións estabelecidas polos militares golpistas. O alcalde republicano de Entrimo, Ubaldo González González, viuse na obriga de escapar á aldea portuguesa do Ribeiro, o mesmo que o seu irmán Ricardo, dependente de comercio en Bande, se ben este chegou a ser detido durante os primeiros días do alzamento. Posto en liberdade, un falanxista de Valoiro ofreceuse a levalo a Entrimo, posiblemente para acabar coa súa vida durante o camiño, ainda que aquel, avisado, eludiu a proposición. A policía portuguesa solicitou información sobre a actuación política dos dous irmáns, coñecidos por “Os Cabriteiros”, ás autoridades do concello de Entrimo, xa que sabían que se introduciran clandestinamente en Portugal coa intención de chegar a Lisboa e saír posteriormente a Francia.
Algúns dos fuxidos do concello de Entrimo e dos concellos limítrofes foron asesinados preto da Pena de Anamán, un morro de pedra cargado de lendas e historia que xa utilizaran como tobeira ó principio do século XIX unha cuadrilla de bandoleiros capitaneada por Tomás das Congostras. Tras pasar a aldea montañosa de Queguas está A Chan, unha chaira por riba dos mil metros de altitude transitada daquela por pastores galegos e portugueses. Nese enclave atópase un dolmen coñecido como a “Casa da Moura”. Tanto na Chan como na Casa da Moura os falanxistas mantiveron postos de control para evitar o paso de españois ás brandas portuguesas.
A mobilidade era fundamental para que os refuxios resultasen seguros, pero os refuxiados mantiñan lugares de referencia onde regresar se se alixeiraba a presión policial. No lugar fixo de Ribeiro de Cima concentráronse boa parte dos fuxidos do concello ourensán de Entrimo. Alí foron a parar, como xa dixemos, o exalcalde Ubaldo González González e o seu irmán, Ricardo, quen fora xuíz municipal, xa que o comercio e a fonda que rexentaron procuroulles unha extensa rede de coñecidos no país veciño –moitos dos cales lles devían cartos, dado o réxime de fiado que tiñan establecido– , especialmente na capital da freguesia, Castro Laboreiro, pero tamén nas inverneiras (Ameijoeira, Cainheiras), nalgúns lugares fixos (Ribeiro de Cima e de Baixo, Portelinha) ou nas brandas (Seara, Portos) veciñas. Aproveitando a migración anual dos habitantes das brandas e inverneiras, os fuxidos favorecéronse dos lugares que quedaban abandonados tras esa marcha. Outros preferiron como refuxio as illadas aldeas galegas do mesmo concello de Entrimo, como José González, concelleiro na última corporación republicana, que se agachou en varios lugares da aldea de Quegas.
A raia, a fronteira galego-portuguesa, terminou por desaparecer baixo da vixilancia exercida polas diversas policias. Nese territorio operaron desde o principio da guerra grupos de fuxidos e contrabandistas, axudados polos habitantes das brandas e inverneiras, que estabeleceron unha rede de axuda humanitaria, pero tamén económica, cos refuxiados, ós que lles recebían correspondencia, protexíannos do acoso policial ou, como tamén ocurriu, denunciábanos, colaborando así coa represión das forzas policiais.
Os refuxiados españois, conscientes de que a súa permanencia podía alongarse máis do esperable, optaron en territorio portugués por cinco formas de vida:

 - A vida campesiña, misturándose coa poboación local para a que realizaban traballos agrícolas ou gandeiros
- O contrabando
- Agacharse no monte cerca dos núcleos de poboación, trasladándose continuamente e compaxinando algúns dos dous modos de vida anteriores
- Agacharse mesturados coa población local, sobrevivindo gracias ós cartos propios
- Participar da rede de confidentes ou informadores das diferentes policías portuguesas

 

No primeiro semestre de guerra civil, o número de refuxiados españois na freguesía de Castro Laboreiro, se ben de xeito non estable, acadou, según testemuñas orais, unha cifra entre catrocentas ou oitocentas persoas, cifra que debeu convertirse nunha preocupación, especialmente para os falanxistas da zona que coñecián á perfección o territorio e mantiñan vínculos de intimidade com moitas das familias dos refuxiados, preocupación que finalmente acabarían asumindo as forzas represivas portuguesas, moi especialmente a PVDE.
Axiña comenzarían as batidas polas serras, polas brandas e polas inverneiras, na procura dos refuxiados. Os comandantes dos postos, especialmente o de Castro Laboreiro, reciben periodicamente ordes de manter unha rigorosa e persistente vixilancia. Algúns días despois amplíanse as ordes, que sinalan que se faga unha limpeza completa de tódolos estranxeiros indocumentados, malia que o número de fuxidos vai medrando ós poucos.

 

Retirado de:
www.memoriahistoricademocrata.org


(continua

 

MELGAÇO, DÉCADA DE 70 DO SÉCULO PASSADO

melgaçodomonteàribeira, 02.05.15

Cabeçalho d'A VOZ de MELGAÇO de 1 de Maio de 1974

 

 

DESINTERESSE DO SR. PRESIDENTE? …

 

O Secretário Nacional da Informação e Turismo visitou recentemente o Distrito de Viana do Castelo. Pelos relatos da imprensa soubemos que o Presidente da Câmara de Melgaço só pediu uma coisa: um subsídio para as Festas da Vila, também denominadas do Concelho. E vem um membro do Governo à Província com o objectivo de auscultar as necessidades dependentes do seu departamento, e há um Presidente de Câmara que lhe apresenta uma ajuda para as Festas!...

Vendo nos mesmos relatos da Imprensa, que nada mais dizem a respeito de pedidos feitos pelo Presidente da Câmara de Melgaço, achamos que devemos defender a honra da nossa terra, posta em causa, sem dúvida inconscientemente, pelo dr. Sidónio. Não seria mais objectivo pedir um auxílio para a Escola de Música, que se criou na nossa vila com tantos auspícios?

Não estaria de acordo com o Departamento de Informação e Turismo, pedir ajuda para o recheio do Museu, onde um lobo embalsamado guarda as paredes? Não há documentos a fotocopiar que dizem respeito à História de Melgaço? Não há obras publicadas que se devem adquirir? Não há quadros de Jaime Murteira e fotos de Sampayo que devem figurar nesse museu?

Não carece Melgaço de uma Pousada, já que a de Castro não resolveu o problema central do Concelho e os hotéis do Peso encerram no Outono e Inverno?

Não havia, por imposição das exigências do Turismo, que pedir a influência do Secretário de Estado, que nos visitou, junto do Governo Português para que este interviesse em Madrid, a fim de que as barragens do rio Minho fossem construídas de forma a permitir o acesso do peixe – salmão, sável, lampreia e truta – e assim se evitaria o desaparecimento de tão delicioso peixe?

Não seria oportuno falar na estrada do Mezio de forma a ligá-la à de Lamas de Mouro, abrindo desta forma Melgaço ao turismo nacional, através das lindas serras que nos dominam com entrada por Castro? Fazendo-o não concorria para se criar o verdadeiro circuito do Minho: Braga, Arcos, Melgaço, Monção, Valença, etc.?

E sabendo-se que os Hotéis do Peso servirão, um dia, de apoio ao turismo do Parque Nacional «Peneda – Gerês», porque razão o dr. Sidónio não levantou o problema tanto mais que a Empresa pensa em construir um hotel?

Como classificar a atitude do Presidente da Câmara que esqueceu todos os verdadeiros problemas turísticos de Melgaço?

Não podem os representantes do Governo adivinhar. Estes factos levam-nos a perguntar: se o Governo Civil e o Ministério do Interior podem estar satisfeitos com um colaborador destes.

O Concelho não está, e a ajuizar pelos relatos da imprensa referentes à atitude do dr. Sidónio perante o Secretário de Estado de Informação e Turismo, mais uma razão e grave veio avolumar o seu descontentamento. Ninguém gosta de ser esquecido, sobretudo quando tem direito a ser lembrado. E o representante dos nossos direitos regionais não cumpriu.

Com vista aos srs. Governador Civil e Ministro do Interior.

 

                                                                                    JÚLIO VAZ

 

A Voz de Melgaço, 530, Melgaço, 1 de Maio de 1974