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MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

FRÁGEIS ELOS

melgaçodomonteàribeira, 21.02.15

 

À primeira vista parece fácil escrever a história de uma família, mas à medida que se vão conseguindo nomes, datas, e outros dados considerados importantes, verifica-se que não existem facilidades de espécie alguma. Pelo contrário, os obstáculos vão surgindo, e os pontos de interrogação nascem aqui e ali, como a lembrar-nos de que muitas coisas do passado ficarão para sempre soterradas e esquecidas.

No entanto, e apesar das enormes despesas, é gratificante ir a pouco e pouco descobrindo, quase desbravando, as nossas raízes.

Em Portugal, devido à anarquia, desleixo, e até desprezo pelos documentos antigos e, quando existem, ao seu difícil acesso, quase se torna impossível investigar para além do século XIX! Os arquivos distritais estão em fase de organização, a informática está a dar os seus primeiros passos nesta área, os arquivos municipais praticamente não existem! Atrevem-se a alvitrar que este tipo de trabalho não passa de um capricho de quem nada tem para fazer, uma brincadeira de curioso! Claro que não se trata disso. A família teve ao longo dos séculos um papel assaz importante. Era dentro do seu seio que os jovens se educavam e cresciam; era ela que defendia os seus membros e os apoiava em situações difíceis. A sociedade do século XX – devido em parte à entrada da mulher no mundo do trabalho e ao aparecimento de grandes cidades (onde ninguém conhece ninguém) – desprezou os laços familiares, o elo que ligava um parente a outro parente.

Neste século da indústria, do petróleo, dos automóveis e aviões, do computador e da energia atómica, cada qual tem de valer por si: rico ou pobre, doente ou com saúde, não pode mais contar com a estrutura familiar, porque esta já não existe como tal! O egoísmo e o salve-se quem puder é a norma hoje em dia.

Não escrevi esta história com a intenção de me tornar conhecido ou apreciado; escrevia-a porque quis dar a todos os familiares a ideia exacta do seu parentesco, destruindo, quanto possível, fantasias e laços inexistentes. Quis também homenagear os nossos ancestrais, aqueles que nos trouxeram a este mundo.

 

Frágeis Elos (Uma História Familiar)

 

Joaquim A. Rocha

 

Edição do Autor

 

1997