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MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

O PATRIOTA

melgaçodomonteàribeira, 29.11.14

Melgaço - Carvalho

 

ANTÓNIO JACINTO DE ARAÚJO AZEVEDO

 

Foi o segundo administrador do morgadio do Campo da Feira de Fora e por muitas facetas se pode ver a sua vida.

Como cidadão e como político, como patriota e como militar se há-de falar aqui deste distinto melgacense.

Sendo alguém pelo seu nascimento, seus pares o ergueram à altura da gente da governança e foi então vereador mais velho e juiz pela ordenação. Depois funcionou por algum tempo como almotacé e qualquer destes cargos eleva muito acima da vulgaridade de quem os serve. De resto durante a vida outros cargos honoríficos desempenhou.

Como político, pertenceu à facção dos miguelistas e quer nas cadeiras camarárias quer na sua casa nunca deixou de mostrar as suas ideias tradicionais com toda a naturalidade.

Por as não esconder ou por se não amoldar aos princípios vintistas perseguido foi pelo general Luís do Rego e sua casa em várias ocasiões foi revistada de alto a baixo por liberais do concelho.

Como patriota, quando em 1801 a França e Espanha renovaram a aliança ofensiva contra Portugal por continuarmos mantendo relações amistosas com a Inglaterra e invadiram o país com diversos corpos de exército, o patriotismo deste português levou-o a agir contra os inimigos da pátria.

Disfarçado em cavador, atravessava o rio Minho em qualquer ponto do nosso concelho e lá pela Galiza ia observar os movimentos das tropas espanholas, os quais logo comunicava em partes secretas ao marquês de La Rossie.

Nas invasões francesas de 1807, 1808 e 1810 acorreu a todos os rebates e para defesa da Pátria forneceu do seu bolso balas e pólvora a quantos lhas pediram. Onde se encontravam, não havia medo. A sua palavra dissipava, como por encanto, os temores e os sustos.

Quando das mãos do Dr. João Caetano Gomes de Abreu Magalhães caiu a espada de militar, o nome deste ilustre melgacense foi votado para exercitar o posto de sargento-mor das ordenanças locais. Confirmada a eleição pela Casa de Bragança e tomada posse do cargo, nunca mais deixou de acamaradar com homens do seu pequeno exército. Daí lhe adveio, a ele acréscimo de consideração e aos tropas um convencimento de terem encontrado um bom amigo no seu superior.

Com precedência de escritura esponsalícia António Jacinto de Araújo Azevedo casou na paroquial igreja de Chaviães em 26 de Agosto de 1797 com sua co-irmã D. Jerónima Luísa de Abreu Araújo Magalhães, filha de D. Jerónima Luísa de Araújo e marido Sebastião Gomes de Magalhães, da Casa de Soengas.

Ao acto assistiram como testemunhas Carlos João e os parentes da Calçada e de S. Julião de Cima Jerónimo José Gomes de Magalhães e Bento Isidoro Gomes de Azevedo.

Da Casa e Quinta de Soengas fizeram os noivos o seu ninho de amores e aí se finaram, ele no dia 9 de Agosto de 1832, depois de ter feito testamento e ela em 12 de Fevereiro de 1841.

Por ele foi chamada à herança toda a filharada, mas se o terço dos seus bens livres ficou pertencendo à filha, os encapelados e os de morgado foram por direito de nascimento para o filho mais velho, António Caetano.

Do acervo de bens de tal família, anote-se, já não faziam parte as terras de pão e vinho, montado e casas da Quinta do Carvalho do Lobo onde os Azevedos nasceram e se criaram, pois tudo isto fora vendido por D. Teresa Joaquina e pelo António Jacinto mais a esposa a João António de Abreu Cunha Araújo Júnior e mulher D. Maria Francisca Moreira da Cunha Rego, da Casa do Rio do Porto pela soma de seiscentos mil reis.

 

O MEU LIVRO DAS GERAÇÕES MELGACENSES

Volume I

Edição da Nora do Autor

Melgaço

1989

pp.554-556