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MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

UMA IDA À FEIRA DE MELGAÇO

melgaçodomonteàribeira, 23.08.14

 

Feira de Melgaço

 

 

NOTÍCIAS DE MELGAÇO Nº 849, DE 17/2/1948

 

Estavam os galos a cantar a 1ª vez quando ia a caminho desta plana freguesia. Era um sábado, dia de feira em Melgaço. O tempo estava magnífico. A natureza estava opulenta de calorias. Eu, com intenção de fazer aquele percurso em poucas horas, redobrava de esforços. Às sete horas já me encontrava em Vilar. Começava o sol a banhar os altos da Espanha quando me encontrava a falar com um honesto lavrador na 1ª encruzilhada à saída do lugarejo. E como as primeiras lançadas do sol me acertavam nas costas, dei a volta e despedi-me do homenzinho, seguindo o meu itinerário daquele incomparável dia. À frente do lugar, nas margens dum prado, parei e vi aquela formosa paróquia. Confronta do norte com o rio Minho e Remoães; do poente, com Penso; do sul e nascente, com Paderne. Está situada num vale, entre as serras de Saínde e Franqueira. Tem lindas vistas para os vales (...) Vêem-se as serras em torno de Monção e Melgaço; Porrinho, La Guardia, Faro, Merufe e Saínde, Pernidelo, Caniça e Franqueira. Os seus lugares estão entremeados de campos, circundados por latadas de vinha, onde se colhe muito milho e bom vinho (...) Continuando viagem, pude ver a reconstrução da igreja paroquial (...) É a terra do saudoso doutor-médico Vitoriano R. F. Castro, que foi director clínico do Hospital da Misericórdia de Melgaço, e o único médico melgacense daquela época formado pela Universidade de Coimbra, a quem todo o concelho venera como se fosse um santo, e a quem presta homenagem de reconhecida consideração, desejando-lhe longa vida, repleta de prosperidades. Há também, nesta paróquia, uma padaria, exemplar-modelo, pertencendo ao Sr. Lourenço F. Castro, importante industrial e filho desta terra, a quem Melgaço muito deve. Alvaredo, vulgarmente conhecido por São Martinho, é uma das freguesias mais unidas de todo o concelho de Melgaço para todos os empreendimentos necessários. Povo bastante civilizado e trabalhador. É lá que se encontram verdadeiros espécimes de beleza. E quando o sol estava próximo da linha norte-sul, dirigi-me para a estrada, fugindo para Melgaço nas almofadas dum automóvel. (Carpinteira, 3/2/1948).

No mesmo número do dito jornal ainda se lê:

(...) as primeiras tricicletas que rodaram no nosso concelho foram trazidas pelo Camacho e José Gomes Sousa (Zé Relojoeiro), ambos já falecidos, os quais, ao chegarem a Alvaredo, foram apedrejados pelos moradores que diziam que aquilo era o demo! (Mário de Prado).

 

Retirado de:

Dicionário Enciclopédico de Melgaço

Volume I

Joaquim A. Rocha

Edição do autor

2009

p. 74