PESQUEIRAS DO RIO MINHO
Ao dedicarmos este trabalho às pesqueiras do rio Minho, fomos sobretudo motivados pela divulgação de um valioso acervo de construções populares existentes na margem esquerda do curso transfronteiriço e ainda utilizadas para se armarem artes de pesca. Em tal objectivo compreendia-se, em primeiro lugar, o estudo da valia histórica deste Património, abordagem centrada essencialmente na análise da evolução do respectivo regime de propriedade e exploração. Começámos por recorrer aos trabalhos de alguns investigadores da história das comunidades ribeirinhas da margem esquerda, em que se salientam o P.e Bernardo Pintor e o Dr. César Esteves. Às suas pesquisas ficamos a dever o conhecimento das primeiras referências a pesqueiras em documentos medievais sobre doações, datando as mais antigas do séc. XI. Cedo nos demos conta de que a propriedade das pesqueiras, de início, foi essencialmente monástica e, por consequência, recorremos aos Arquivos em que se encontra depositado o espólio documental proveniente dos mosteiros de Longos Vales, Paderne e Fiães. Não fomos exaustivos nesta fase do nosso trabalho. Temos consciência de que muito ficou por pesquisar, particularmente no que respeita aos séculos XIII e XIV. Do mesmo modo, o domínio das pesqueiras por outros senhorios, como o da Sereníssima Casa do Infantado, não foi objecto da nossa análise julgando embora ser uma área de investigação a não descurar em futuros trabalhos sobre o tema. Optámos, assim, por proceder a uma amostragem escolhendo três fases principais da evolução histórica na titularidade da posse das pesqueiras: a do início da concentração senhorial, a da desamortização liberal e a da co-propriedade em regime de herdeiros. Tratando-se de um trabalho visando a divulgação, procurámos, balizados pelo fundo mais geral da evolução da sociedade portuguesa, descrever, previamente, a conjuntura política que preexistiu às mudanças. Apesar disso, julgamos que a nossa abordagem à história da propriedade das pesqueiras poderá também vir a interessar investigadores universitários para futuros desenvolvimentos. A Ribeira Minho carece de estudos de síntese como de carácter analítico sobre a sua memória colectiva!
As pesqueiras do rio Minho
Antero Leite
COREMA – Associação de Defesa do Património
Caminha
1999
Edição com apoio financeiro da
ADRIMINHO e PROGRAMA LEADER II
Comparticipação financeira da
Câmara Municipal de Monção
Câmara Municipal de Melgaço