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MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

O MOSTEIRO DE FIÃES

melgaçodomonteàribeira, 15.06.13

 

 

Quando, em Março de 1981, estava prestes a terminar o ano beneditino, dedicado à comemoração do XV Centenário do Nascimento de S. Bento – acertadamente denominado Patriarca dos Monges do Ocidente e Pai da Europa –, além de termos apresentado uma comunicação ao « I Colóquio sobre Monacato Gallego », intitulada O estado dos mosteiros beneditinos na Arquidiocese da Braga no século XV, escrevemos também três longos artigos, publicados em « A Voz de Melgaço », de 1 e 15 de Março e 15 de Junho, sobre o Mosteiro de Fiães, que, tendo abraçado a Regra de S. Bento, por meados do século XII, algumas décadas depois, aderiu à sua variante cisterciense.

Com estes artigos pretendíamos chamar a atenção dos melgacenses para a extraordinária personalidade e obra de S. Bento e para a importância desta instituição monástica na história do nosso concelho e de todo o Alto-Minho.

Cerca de três anos depois, em 28 de Maio de 1984, passou o 150º aniversário da assinatura do decreto régio da extinção das Ordens Religiosas masculinas, preparado pelo Ministro da Justiça e Secretário de Estado dos Negócios Eclesiásticos, Joaquim António de Aguiar, encerrando-se, então, o longo ciclo de quase setecentos anos de vida documentada deste Mosteiro, geralmente desconhecida não só das gentes de Fiães, mas também dos numerosos visitantes deste monumento nacional.

Em 1834, não era a primeira vez que o Mosteiro de Fiães enfrentava a sentença de morte, pois já, em 1775, tinha sido extinto pelo Marquês de Pombal, vindo, no entanto, a ser restaurado nos primórdios do reinado de D. Maria I, mais exactamente em 1777. Sobre este assunto fizemos uma exposição na Biblioteca Municipal de Melgaço, em 17 de Agosto de 1984, subordinada ao título O Mosteiro de Fiães, da primeira à segunda extinção.

Consideramos, por isso, oportuno e útil ampliar as notas anteriormente publicadas, acrescentando-lhes alguns dos elementos relativos aos últimos decénios de vida e à fase de extinção definitiva desta comunidade, revelados pela primeira vez, em Melgaço, colocando, deste modo, ao alcance do público dados suficientes que lhe permitam vislumbrar o que este Mosteiro ainda era, em 1834, e melhor poder aquilatar da intensa acção demolidora, desde então, contra ele desencadeada, a que só escapou a igreja por ser paroquial.

Este pequeno estudo, que, apesar da sua simplicidade, deveria ter sido publicado, há muito, não podia continuar na gaveta por mais tempo, até porque, neste ano de 1990, está a celebrar-se por toda a Europa Ocidental, nos Estados Unidos e na Polónia, o IX Centenário do Nascimento de S. Bernardo, e a ele queremos associar-nos, proporcionando ao público interessado alguma informação acessível, não só acerca deste extraordinário Abade Reformador e grande Doutor Mariano, mas também sobre a sua grandiosa obra, de que o mosteiro de Fiães é parte integrante.

Neste opúsculo, os romeiros e turistas, que subirem até ao Mosteiro de Santa Maria de Fiães, encontrarão um conjunto de informações documentadas, susceptíveis de responderem a muitas das interrogações que, por certo, implícita ou explicitamente não deixarão de formular sobre ele, desvendando-lhes um pouco da rica história desta comunidade de monges brancos e ajudando-os a compreenderem e amarem o que ainda resta deste antigo cenóbio. Esclarecemos, entretanto, que neste breve estudo privilegiámos os aspectos institucionais, praticamente, desconhecidos.

Nesse intuito, dividimos o presente estudo em duas partes. Na primeira, procurámos traçar uma panorâmica histórica desta instituição, desde os seus primórdios documentados, isto é, desde os meados do século XII, até à primeira extinção, provocada pelo Marquês de Pombal, na segunda metade do século XVIII, preenchendo a segunda parte com os aspectos mais salientes, relativos à mencionada primeira extinção, com as circunstâncias em que se concretizou a exclaustração de 1834 e, finalmente, com a descrição de alguns aspectos inerentes ao património e rendas desta comunidade.

O que aqui fica são apenas algumas notas dispersas, convém frisá-lo. Mas se, apesar disso, de algum modo, conseguirmos sensibilizar o público leitor para a importância dos objectivos acima expostos, sertir-nos-emos, deveras, compensado por este serviço cultural prestado à Comunidade.

 

O MOSTEIRO DE FIÃES

(Notas para a sua história)

 

Autor: José Marques

 

Edição: do autor

 

Braga, 1990