TIGRES E OUTROS GATOS
TIGRES E OUTROS GATOS
João Aveledo
“Não é animal muito frequente, nem tampouco muito raro na Galiza e lá tem cinco nomes vulgares, v.g. lobo-cerval, lubezno (sic), lubicão, lobo-rabaz e tigre. Este último é falso, pois não há tigres na Europa, mas chama-se tigre porque tem a pele manchada e muito formosa e apreciável. Os quatro nomes primeiros, ainda que comecem com lobo, apenas aludem à sua ferocidade, não a que seja o animal do género lobo pois só o é do género gato. É como gato, mas tão grande como um cão perdigueiro. Combinando tudo é o verdadeiro animal lince”
(Frei Martim Sarmento, Carta 159, 1760)
Linces na Galiza? Sim. E veremos que até datas muito recentes. Vítor Lopes Seoane na sua Fauna Mastológica de 1861 diz que “é bastante raro nos sítios montanhosos povoados pelos bosques, achando-se em Vilalva; S. Pedro de Orazo; na província de Ponte Vedra; na serra do Courel e outros pontos fragosos (sic) da Galiza”.
Nós recolhemos o testemunho de um morador de Olelas (Entrimo) que afirma ter caçado um lince na serra do Quinjo, por volta de 1966. Era fêmea e devia ter crias pelo aspecto dos mamilos. A sua descrição não permite qualquer confusão com outra espécie. Não longe dali, segundo contaram ao nosso amigo Américo Rodrigues, entre os ribeiros de Castro Laboreiro e a Peneda, uns caçadores teriam visto um exemplar cerca do ano oitenta. Ele, na altura, não acreditou…
Em dezembro de 1987, Anthony Paul Clevenger, um prestigioso zoólogo norte americano que colaborava num programa rádio-seguimento de ursos, observa um lince perto do castelo de Doiras, na Serra dos Ancares. Em finais da década de noventa, o naturalista Ramón Grande del Brio cita-o nos Ancares, no Maciço de Pena Trevinca, na Seabra e noutras regiões limítrofes. Nessa mesma década, há indícios, mais ou menos duvidosos, da sua presença no raiano Parque Natural de Montesinho…
Retirado de: Revista Novas da Galiza
www.novasgz.com/pdf/arevista37.pdf