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MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

O LILI DO TEODORICO

melgaçodomonteàribeira, 24.11.18

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UM LUGAR ONDE NADA ACONTECIA…

I

O Lili do Teodorico era o assunto de momento. O Alfredo Pereira, mais conhecido como Pandulho, oficial de diligências, divulgou que o rapaz fora indicado pelo ministério público e iria a julgamento. Perplexo, o povo da terra passou a especular. Inventavam várias hipóteses para explicar o acontecimento.

Novamente o Pandulho, que tinha acesso ao processo deu a explicação: o Lili, Teodorico João Fernandes como fora baptizado, escrevera ao Ministério da Saúde, em Lisboa, reclamando do não fornecimento da penicilina à sua farmácia. E acrescentara: «os donos das outras farmácias da região estavam ganhando muito dinheiro vendendo o remédio para a Espanha». A reclamação foi tomada como denúncia e teria de provar tal afirmativa.

O uso da penicilina era rigorosamente controlado e sua comercialização não oficial era considerada crime contra a economia nacional. No fim da segunda guerra mundial os jornais anunciaram como grande descoberta, um medicamento que iria acabar com todas as doenças inflamatórias, a penicilina. O povo simples logo enfeitou a notícia a seu belo prazer.

Naquela pequena e humilde vila dos confins de Portugal, ou melhor, onde começa Portugal, a notícia da maravilhosa descoberta gerou várias versões. Seria a redenção da humanidade, curaria todas as doenças e até nem precisaria ser comprada nas farmácias. Os mais esclarecidos destrinçaram a notícia: num laboratório nos Estados Unidos, uma cultura de germens produziu um certo bolor que eliminava vírus, bactérias e micróbios. Elaborado foi comercializado com o nome de penicilina. Ora, naquela região desde sempre as famílias fabricavam o seu próprio pão. Em priscas eras, de centeio, depois, desde que o milho foi introduzido na Europa, deste cereal. Era o pão feito em grandes broas que duravam a semana inteira. Acontecia que quando não ficava bem cozinhado ao fim de dois ou três dias embolorava; apareciam fungos esverdeados. Quando estas manchas bolorentas tomavam todo o pão não dando para apenas raspar os pequenos pontos, era jogado aos animais, porcos e galinhas, até um dia, no advento da grande descoberta, que alguém divulgou que aquele mofo era penicilina. Ninguém mais jogou pão aos animais durante bastante tempo.

   Importada dos Estados Unidos da América era a penicilina restrita a poucos países inicialmente, e em Portugal chegava em pequena quantidade e seu uso estava sujeito a justificação requerida a organismo próprio. A Espanha que, durante a guerra, fora aliada da Alemanha, sofria bloqueio comercial das potências aliadas que haviam ganhado a guerra. E ainda sentia as consequências da sua guerra civil. Estava carenciada de tudo. O contrabando de Portugal para Espanha era a momentânea opulência da gente fronteiriça. Esta situação manteve-se os anos quarenta e cinquenta do século XX.

(continua)

 

PARADA DO MONTE

melgaçodomonteàribeira, 15.09.18

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vestuário de parada do monte

 

PARADA DO MONTE

 

Num edifício construído de raiz e dotado das condições necessárias, poder-se-iam guardar exemplares dos instrumentos utilizados no fabrico da lã (sarilho, dobadoura, carda, urdidor, tear, etc.), as alfaias, os carros de transporte, as louças e mobiliário, as peças de trajo antigo, as mantas e bordados, utensílios do pastor, a croça, etc., etc. A não ser feita esta recolha com urgência, em pouco tempo nada restará dos elementos materiais de uma cultura com características próprias revelando um viver marcado pelo trabalho do campo e o pastoreio na serra envolvente.

Entre esses elementos destaca-se o trajo antigo.

Parada do Monte, no vestuário, procurou adaptar-se às condicionantes do clima pela utilização de fibras naturais que lhe proporcionavam a maior resistência aos frios rigorosos e humidade. As cores em tons escuros exemplificam a necessidade de absorver calor quando o corpo estava em repouso ou deslocando-se lentamente, enquanto que as camisas brancas do trabalho ajudavam a reflectir a incidência da luz solar minimizando o efeito térmico sobre o tronco.

As mulheres de Parada vestiam uma saia comprida, camisa branca com mangas, colete e corpete. No tempo frio agasalhavam-se com a ‘curbata’, género de xaile que depois de cruzado sobre o peito se atava nas costas. Sobre a cabeça e ombros colocavam o ‘mandil’ feito em tecido de lã que, em tamanho mais pequeno, servia de avental. Normalmente cobriam a cabeça com um “lenço chinês” ou de murino. Nas pernas usavam meias simples, não rendadas e calçavam ‘soques’ com cobertura em couro fixa por tachas à base em pau. Em tempo de chuva cobriam os joelhos e pernas com polainas em burel ou em couro.

Para fazer as meias empregava-se agulhas de ferro com a extremidade em ‘aspita’ (barbela), pequeno gancho golpeado de forma a poder puxar o fio (de lã ou de algodão) e assim obter a malha.

 O homem usava calças feitas no tear, camisa em linho, colete e casaco. Protegia-se também com polainas e calçava sapatos cardados quando havia festas e tamancos no trabalho. Para o pastoreio e no Inverno cobria-se com a croça em junco.

 

 

PARADA DO MONTE, História e Património

Antero Leite

Mª Antónia Cardoso Leite

 

http://acer-pt.org

 

 

DAVID DE CARVALHO (30-11-1955 – 10-9-2018)

 

 

David de Carvalho nasceu em Parada do Monte.

Em Melgaço fundou o conjunto Gaudeamus.

Era colaborador do blog Melgaço, do Monte à Ribeira.

Era editor do blog Melgaço do Passado e do Presente.

Mais uma grande perda da cultura melgacense.

 

Um dia lá nos encontraremos irmão.

 

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david de carvalho

 

HOMENAGEM A ÓSCAR MARINHO

melgaçodomonteàribeira, 05.05.18

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taberna da ti maria do sabino

 

UM FILATELISTA MELGACENSE

 

Boticas, 26 Nov. (Lusa) – Um selo de 100 mil réis de 1853, avaliado em 770 mil euros, é uma das principais atracções da Iberex – XV Exposição Filatélica Luso-Espanhola, patente em Boticas até domingo.

O coleccionador Óscar Marinho começou a juntar selos aos 15 anos e hoje, com 70 anos, mostra com orgulho a sua colecção de selos clássicos portugueses, onde se insere o de 100 réis da época de D. Maria II.

“A minha colecção não tem preço. É impagável” afirmou à Lusa o filatelista de Melgaço.

Dos muitos selos que guarda num lugar que recusa revelar, Óscar Marinho gosta de expor a colecção de selos primitivos, feitos entre 1853 a 1870, os que diz terem sido os primeiros selos portugueses.

“Trata-se de selos em relevo que eram feitos um a um, não há um selo igual a outro e a cada diferença chama-se um cunho”, explicou.

Óscar Marinho começou a coleccionar selos depois de ter tido um acidente em que partiu a clavícula.

“Fui a um endireita, que havia em Melgaço, que coleccionava selos. Para não chorar deu-me uma quantidade de selos e a partir daí não parei”, salientou.

Diz ter adquirido selos em leilões, trocas com colegas e até em feiras no estrangeiro e é também lá fora, em países como França, Itália ou Espanha, que gosta de mostrar as suas “relíquias”.

 

Retirado de:

 

Collectus – Loja de colecções

 

http://coleccionar-collectus.blogspot.com/2007_11_01_archive.html

 

 

GAZETILHA

 

O ESPADA

 

Ao Óscar Marinho

No tribunal de Vimioso:

 

Chegou à nossa Vila, já de noite,

uma coisa mal jeitosa e de cor preta,

que a dar-lhe nome talvez ninguém se afoite,

e chamar-lhe automóvel, isso era peta.

 

O dono, uma pessoa respeitável,

chegou à nossa terra tão vaidoso,

que nem guiando o melhor descapotável

que jamais viu o velho Vimioso.

 

E andou por estas ruas, coisa rara,

roncando como aqui nunca se viu,

essa peça de museu, que talvez cara,

quis ir a Castro um dia e… não subiu.

 

P’ra vir do Vimioso aqui ao Minho,

levou-lhe quinze dias, sempre a andar,

parou algumas vezes no caminho,

porque a bronquite fazia-o sufucar.

 

O Óscar, me contou, com graça, até,

algumas peripécias, do caminho;

andaram mais de seis léguas a pé,

p’ra não cansar o pobre coitadinho.

 

Na ida, sentiu-se a coisa mais cansada,

efeitos da velhice e da distância…

e viu-a toda a gente, então pasmada,

seguir p’ra Vimioso, na ambulância.

 

E chamaram-lhe o «Espada do Doutor»

a esse traste que agora já não anda…

que a mim mais me pareceu ser um tractor

retirado das brragens de Miranda.

 

Os meus mais respeitosos cumprimentos,

a quem me encomendou este sermão.

mas, se por isso vou passar tormentos,

direi de novo que aquilo é um carrão.

 

                                                                                                                      31/7/960

 

POESIA POPULAR

Francisco Augusto Igrejas

Câmara Municipal de Melgaço 6

1989

pp. 81-82

 

Óscar Marinho deixou-nos neste ano de 2018.

Descansa em paz meu amigo.

 

 

 

UM MELGACENSE EM LA LYS

melgaçodomonteàribeira, 07.04.18

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trincheira portuguesa em la lys

 

 

ANTÓNIO REIS

 

 

No relógio da eternidade já bateu a hora fatídica em que as parcas cortaram o fio da vida de António Reis. Estou-o a ver rapaz novo, cheio de vida, feito tropa na grande guerra, a partir para França levando no coração juntinhos o nome da mãe e o de Melgaço. Foram eles o seu amuleto e sob a sua influência soube ele impor-se na batalha de La Lys a um pelotão de alemães, quando, rotas as linhas portuguesas, um prussiano alto como as casas e valente como as armas o quis dominar e sentiu-se agarrado pelo António. E vira para aqui, vira para ali; tomba para um lado e tomba para o outro, lá estiveram os dois a medir forças e todo o pelotão parado, pasmado, a gostar de ver e a admirar o camarada português, que era valente. E quando o prussiano julgou levar a melhor e dar um tiro no António, todos os seus camaradas lhe gritaram: - Glória aos valentes! Em sentido! Apresentar armas. Só então o António Reis caiu em si e chorou. Estava prisioneiro. O nome da mãe e o de Melgaço foram na verdade o talismã mágico, que lhe insuflou na alma a valentia e a coragem dos tesos, que sempre mostrou em toda a campanha. E quem há por aí que possa dizer-nos não ter ele retemperado sua fé na vitória dos aliados sempre que rezou baixinho:

 

                          «Lá nas trincheiras exposto constantemente

                          Encarando em minha frente

                          A morte por tanta vez,

                          Pensava nelas e sentia-me tão forte,

                          Que não receava a morte

                          Porque eu era português.»

 

António Reis pertencia ao quadro da nossa Câmara Municipal e foi o notável requinta da banda dos B. V. Em qualquer destes lugares também brilhou e como sempre foi correcto, o seu nome foi um dos bem conceituados entre os seus concidadãos.

Paz à sua alma e condolências aos doridos.

 

                                     (Publicado em Notícias de Melgaço de ../5/1958)

 

 

Obras Completas Augusto César Esteves

Nas Páginas do Notícias de Melgaço

Edição Câmara Municipal de Melgaço

Volume I Tomo 2

2002

Pág.s 689, 690

 

UMA CASA FIDALGA

melgaçodomonteàribeira, 14.01.17

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CASA DO RIO DO PORTO

 

 

 Sita na freguesia da Vila, SMP. As armas foram concedidas, a 1/9/1793, ao Dr. João Manuel Gomes de Abreu Cunha Araújo. O primeiro membro dessa família a residir no Rio do Porto parece que foi o Dr. João António, nascido no século XVIII, filho de Bento da Cunha Araújo e de Maria Gonçalves, ou Maria Martins (moradores na Rua do Campo, depois Rua do Espírito Santo, perto da igreja matriz da Vila), casado com D. Maria Gomes de Abreu, ou D. Mariana Gomes Figueiroa (ver “O Meu Livro das Gerações Melgacenses”, vol. I, p. 409). Na obra citada, p. 410, lê-se: «Ora em 17/5/1748 D. António da Glória, mestre doutor de Sagrada Teologia na Universidade de Coimbra e Prior Donatário do Real Mosteiro do Salvador de Paderne e os mais padres conciliares emprazaram por três vidas aos fidalgos da Casa do Rio do Porto o prazo das Serenadas, que pertencera à família da mulher.» No entanto, quem solicitou à rainha D. Maria I a justificação de nobreza e mandou colocar as pedras de armas no frontispício da Casa foi o Dr. João Manuel Gomes de Abreu Cunha Araújo, filho do Dr. João António de Araújo e de D. Mariana Gomes de Abreu, neto paterno de Bento da Cunha Araújo e de D. Maria Martins, e bisneto de Gonçalo da Cunha Araújo e de D. Catarina Esteves; e neto materno de João Gomes de Abreu e de D. Maria Gomes de Figueiroa, e bisneto de Manuel Gomes de Abreu e de D. Jerónima de Castro. Este Dr. João Manuel casou, a 6/8/1768, com D. Isabel Maria, filha do capitão Manuel Luís Pereira da Gama e de Maria de Araújo, moradores no Campo da Feira de Fora, SMP, e faleceu em 1813.

 É curioso que esta Casa Solar tenha sido adquirida, na década de vinte do séc. XX, pelo então secretário de finanças em Melgaço, Ernesto Viriato dos Passos Ferreira da Silva, de Braga, casado em Melgaço a 21/9/1918 com Margarida Maria, neta ilegítima do fidalgo da dita Casa, Caetano José de Abreu Cunha Araújo, e de Margarida Carolina de Castro Álvares de Barros. O acontecimento gerou polémica, pois Ernesto Viriato era o chefe dos republicanos no concelho, e foi Governador Civil de Viana em 1925. Acusaram-no de monárquico, mas ele argumentou publicamente que comprara aquela Casa fidalga porque estava em ruínas e queria recuperá-la. O certo é que ali viveu com a família, com o peso daqueles brasões à porta de entrada.

 

Dicionário Enciclopédico de Melgaço II

Joaquim A. Rocha

Edição do autor

2010

p.127

 

Joaquim A. Rocha é o editor do blog Melgaço, Minha Terra

 

FARO DE VIGO, 10/9/2016

melgaçodomonteàribeira, 24.09.16

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CINE E FRONTEIRA

 

Xavier Nogueira, viaxeiro, historiador, xeógrafo, escribe ao Fondo dos Espellos. “O caso (cóntanos) é que a comezo dos oitenta coñecín en Melgaço certo personaxe digno de lembranza. Presentoumo alguén do lugar que coñecía a súa historia e peripécia (…) Aquel home, xa maior, vivía cerca da Cámara, na rúa que descende lateralmente desde a Praça da República ata a de Hermenegildo Solheiro. Con grande amabilidade relatou como polos anos trinta (ou antes) se dedicara a percorrer as vilas e as festas da contorna nun carromato no que, ademais de servirlle de habitación, transportaba unha máquina de cine, coa que gañaba a vida. Non soamente levaba a cabo proxeccións nas vilas portuguesas senón tamén naquelas outras galegas próximas á raia. Como Bande ou Entrimo. Nomeou, se mal non lembro, varias mais, como Portoquintela, Lobeira e ata creo que Celanova, pero soamente das dúas primeiras teño a certeza”. Despois doutras interessantes consideracións a respecto da película de Manoel de Oliveira sobre o Castro Laboreiro e a raia, tan pouco coñecida entre nós, e logo de referirse ao museo do cine de Melgaço, Xavier Nogueira formula un desexo. Que entre todos consigamos reunir mais datos e documentación sobre “aquel singular personaxe, merecente de ser historiado ainda que só fosse sobre os traballos e atrancos que sem dúbida tivo que passar polos infernais camiños daquelas penedias serranas coa maravillosa máquina de soños no carromato”.
Desgrazadamente, nin na Terra de Celanova nin en calquera outra zona de fronteira da Raia Seca, ou noutras partes, sentín falar desse señor de Melgaço que andaba polo mundo proxectando películas, segundo parece na primeira metade do século XX. Polo menos valía a pena incorpurar a súa memória ao museu de cinema de Melgaço e facer a crónica das súas andadas. En canto a ollada de Manoel de Oliveira, en Viagem ao Princípio do Mundo, á rota prodixiosa que vai de Caminha ao Crasto (sic) Laboreiro, é algo para ser tratado noutra ocasión e de xeito preferente.
Polo momento, pidamos axuda a todos aqueles que poidan proporcionarnos información sobre o señor de Melgaço que percorria a fronteira cunha máquina de cine no seu carro.

Todos aqueles que queixeren colaborar coa súa opinión en NO FONDO DOS ESPELLOS podem escribir por correo ordinário a:

X. L. Méndez Ferrín
Faro de Vigo
Policarpo Sanz, 22
Aptdo. Correos 91
VIGO

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SAN PAYO - UM FOTÓGRAFO DE SÃO PAIO

melgaçodomonteàribeira, 16.07.16

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«SAN PAYO – RETRATOS FOTOGRÁFICOS»

 

Exp. SEC – IPM – Arquivo Nacional de Fotografia

Museu do Chiado, 1995

comis. Vitória Mesquita e José Pessoa

Cat. com textos de António Barreto (SP: a arte do retrato, a sociedade e a política), Raquel Henriques da Silva (O retrato fotográfico e o retrato na pintura. San Payo e a arte portuguesa, 1920-1950), e os comis. (Estudo do trabalho do fotógrafo Manuel Alves San Payo (1890-1974), na sequência da doação do espólio do artista por parte da família.)

No Expresso, escreveu Jorge Calado: “Retratos e Fotografias”, Revista, 25 Nov. 1995, pp. 120-126

A exp. teve por base o espólio doado pelos filhos do fotógrafo, em 1990, ao Arquivo Nacional de Fotografia (departamento do Instituto Português de Museus que aguardava ainda em 1995 a sua institucionalização formal – que não chegou a ocorrer, devido à criação do CPF em 1996/97

notas:

MUSEU DO CHIADO 4-11-1995

O Arquivo Nacional de Fotografia, entidade informal ou serviço do Instituto Português dos Museus (alguém irá finalmente dar-lhe agora existência legal e estatuto condigno?), revela um dos espólios que recebeu e conserva. Retratista (apenas retratista, o que é raro num fotógrafo), San Payo gozou de uma fama imensa que se justifica pela exacta correspondência entre o autor e o meio social que retratou. A retrospectiva corre o risco de reeditar o mito, sobre algum desconhecimento de outras realidades nacionais e internacionais. A exposição e a obra têm méritos; a iniciativa é um contributo positivo para o levantamento da história da fotografia e do gosto nacionais. Mas impõe-se proceder a revisões mais rápidas do passado, certamente mais abrangentes e comparativas que as produções monográficas.

 

MUSEU DE ÉVORA 14-9-1996

Reapresenta-se em Évora a exp. «San Payo – Retratos Fotográficos», inaugurada em 1995 no Museu do Chiado e já este ano levada a Melgaço, terra natal do fotógrafo que foi um dos mais famosos retratistas de Lisboa, desde meados dos anos 20.Partindo da tradição picturialista, San Payo (1890-1974) cultivou o «retrato de arte» com uma assinalável competência profissional, sendo a sua obra um notável indicador dos gostos dominantes da sociedade nacional e de uma certa prática social da fotografia. A mostra foi organizada pelo Arquivo Nacional de Fotografia (departamento do Instituto Português dos Museus que aguarda a sua institucionalização formal no quadro da reorganização do Ministério da Cultura), com base no espólio que lhe foi doado pelos filhos do fotógrafo em 1990, e constitui mais um passo significativo no levantamento do património fotográfico nacional.

Retirado de:

http://pt.scribd.com/doc/92766773/Fotografias-antigas-algumas-historias

 

 

VIDAS MELGACENSES: O TI PIRES

melgaçodomonteàribeira, 18.06.16

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O TI PIRES

 

 O cinema exibido na casa do Emiliano, filmes mudos, era produto do génio inventivo do Manuel Pires. Este Papá Pires como passou a ser conhecido mais tarde devido a esse tratamento que os filhos lhe dispensavam, era oriundo do vizinho concelho de Monção, da freguesia de Tangil. Tivera longo tirocínio na freguesia da Valinha como funcionário da famosa loja do Barbeitos.

Estudioso, autodidacta, era o Pires o arauto do progresso. Enfronhara-se nas coisas do cinematógrafo, novidade que estava chegando à região. Por sua inventiva construiu o Pires a máquina de projecção com componentes adquiridos no Porto. Como o Emiliano tinha o espaço fizeram uma sociedade. Ambos novos, recém-casados, com idênticos propósitos de progresso entenderam-se bem durante algum tempo. Além do cinema fizeram sociedade num automóvel Ford, modelo T, 1926. Este carro dirigido por um ou por outro foi o primeiro carro de praça da vila de Melgaço.

O Manuel Pires após prestar o serviço militar foi instalar-se na vila de Melgaço. Aí montou de sociedade com o irmão José uma loja de ferragens e prestação de serviços mecânicos denominada Pires&Irmão, Lda. Os dois Pires logo ficaram famosos, dinâmicos e inventores tinham solução para tudo. Diversificaram suas actividades com serralharia, mecânica, electricidade, fotografia, bicicletas e automóveis, gramofones e cinema. De tal modo eram procurados que montaram nova loja na mesma rua, aliás a principal da terra, rua Nova de Melo. As duas lojas passaram a ser conhecidas como a loja de cima e a loja de baixo. Uma especializada em ferragens e a outra em drogaria. Ambas bem montadas com letreiros nas fachadas e nos vidros, nestes com filetes de ouro, arte que o Pires dominava bem chegando a ser durante bastante tempo o único e competente pintor de letras da região. As casas comerciais e Hotéis do Peso exibiam nas fachadas suas denominações em grandes e artísticas letras pintadas pelo Manuel Pires directamente nas paredes. Nas suas andanças pelas redondezas atendendo a chamadas de trabalho, sempre de bicicleta, conheceu no Peso uma rapariga que lhe agradou. Também a ela lhe interessou aquele famoso mancebo. Era a Carlinda, filha única de Lucas Ferreira Passos, probo e abastado proprietário, descendente de tradicional família. Entre os dois estabeleceu-se um namoro fora dos padrões convencionais da época. Não eram vistos juntos nas festas e romarias e dificilmente aos domingos. O namoro de Pires e Carlinda era quase exclusivamente do conhecimento dela e dos pais dela. Quando dispunha de tempo ou a saudade apertava, não importava dia ou hora, montava o Pires numa das suas bicicletas de aluguer e pedalava até sua amada, quatro quilómetros distante.

O casamento dos dois também se deu fora dos padrões usuais. Consta que, acertadas as coisas e documentação, no dia aprazado a Carlinda e parentes aguardavam na porta da igreja do convento de Paderne. Na hora marcada apareceu o Pires no seu transporte exclusivo, vestido com seu traje habitual, calça e casaco de cotim cinzento e alpargatas nos pés. Após a cerimónia religiosa cada um foi para o seu lado. A Carlinda e familiares para sua casa e o Pires em sua bicicleta para a sua loja. Só à noite se juntavam na casa dela. Esta situação durou até ele alugar o sótão da casa da Umbelina da Baralha, em cujo térreo já tinha uma das lojas: sótão este que só abandonou anos depois, já tinham os seis filhos, por ameaçar ruir. Por falecimento dos sogros herdou as duas casas nas propriedades do Peso mas nunca se transferiu para lá. Aquele inusitado casamento que à maioria passou despercebido, até aos vizinhos, motivou um curioso incidente. O Ponciano, vizinho com propriedades contíguas, nas esporádicas conversas passou a dar indirectas: - Lucas, a tua filha não canta! No seu jeito calmo respondeu: - Se não canta, há-de cantar. Diariamente o Lucas era abordado com a mesma observação venenosa do vizinho. Fazia-se desentendido e dava sempre a mesma resposta: - Se não canta, há-de cantar! Certo dia vendo que as indirectas não surtiam o efeito desejado, maldosamente foi directo: - Lucas, a tua filha está prenha, de quem é? Com a sua proverbial calma, com o falar arrastado, respondeu ao insolente vizinho: - Pois está! É do nosso Pires, o homem dela!

Não levou muito tempo uma filha do Ponciano apareceu grávida. Num dos encontros o Lucas observou ao seu vizinho: - Ponciano, a tua filha não canta!... Furioso, o outro destratou-o: - Vai para o diabo, desgraças acontecem a todo mundo…

 

                                                             MANUEL IGREJAS

O MELGACENSE DAS LETRAS AFRICANAS

melgaçodomonteàribeira, 09.12.15

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Pires Laranjeira, que nasceu em 1950, em Melgaço, e viveu no Porto, Luanda, Coimbra e Londrina, é Professor Associado da Universidade de Coimbra, Faculdade de Letras, onde é responsável pelas cadeiras de Literaturas Africanas e de Culturas Africanas e onde leccionou as cadeiras de Literatura Brasileira e Introdução aos Estudos Literários. É Licenciado em Estudos Portugueses, Mestre em Literaturas Africanas e Brasileira e Doutor em Literaturas Africanas. Da sua actividade académica destaca-se ainda a criação e direcção do Mestrado e da Pós-graduação em Literaturas e Culturas Africanas e da Diáspora (2001-2005), na mesma universidade, a docência no programa do mestrado em Relações Interculturais da Universidade Aberta (Porto), nos anos 90, e a colaboração com esta universidade (delegações de Coimbra, Porto e Macau), Universidade de São Paulo e Universidade de Rennes 2, entre outras. Foi professor convidado da Universidade de Salamanca (no ano lectivo de 1996-97), leccionando as cadeiras de Literaturas Africanas de Expresión Portuguesa, de Historia y Cultura Brasileña e de Literatura Brasileña.

Publicou textos científicos, culturais, jornalísticos e literários em mais de 100 jornais e revistas locais, regionais, nacionais e internacionais, desde 1965, e proferiu conferências, deu cursos e participou em reuniões científicas e culturais, desde 1981, em Portugal, Angola, Brasil, Espanha, França, Cabo-Verde, Moçambique, Itália, Suíça, Canadá, Estados Unidos, Áustria, Alemanha, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e China.

Organizou e apresentou programas-rubricas de literaturas de língua portuguesa na rádio (em Angola e Portugal) e organizou vídeos para a Universidade Aberta (transmitidos pela RTP-2). Foi crítico literário dos jornais Diário de Luanda, A Província de Angola (1973-74) e África (Lisboa, anos 80) e é crítico de literaturas africanas do Jornal de Letras (Lisboa, desde 2002). Co-coordenou (c/Ernesto Rodrigues e José Viale Moutinho) os três volumes de Actualização (1960-2001) do Dicionário de Literatura fundado por Jacinto do Prado Coelho, tendo escrito mais de 400 verbetes de Literaturas Africanas e Brasileira. Os seus interesses actuais de investigação englobam história, sociedade, política e cultura nas literaturas africanas e também culturas orientais e do Medio Oriente (nomeadamente filosofia, religião e poesia tradicional e clássica da China, Japão, Índia e Pérsia).

Entre as suas publicações em livro, destacamos: Antologia da poesia pré-angolana (1976); Literatura calibanesca (1987); De letra em riste. Identidade, autonomia e outras questões na literatura de Angola, Cabo Verde, Moçambique e S. Tomé e Príncipe (1992); A negritude africana de língua portuguesa (1995); Literaturas africanas de expressão portuguesa (c/ Inocência Mata e Elsa Rodrigues dos Santos) (1995); “Le monde lusophone (Chapitre V): la littérature coloniale portugaise”, in Jean Sevry (ed.); Regards sur les littératures coloniales. Afrique anglophone et lusophone, tomo III (1999); Negritude africana de língua Portuguesa. Textos de apoio (1947-1963) (2000); Estudos afro-literários (2001, 2ª ed. 2005); Cinco povos, cinco nações. Estudos de literaturas africanas de língua portuguesa (c/ Maria João Simões e Lola Geraldes Xavier, org.) (2007).

 

 

Retirado de:

                  www.unicepe.pt

 

UM MELGACENSE DE MÉRITO

melgaçodomonteàribeira, 02.12.15

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ADRIANO MARQUES DE MAGALLANES

 

Nació el 10 del julio de 1925 en San Gregorio – Melgaço (Portugal). Estudió ciencias políticas y es licenciado en Derecho, Graduado Social y Diplomado por la escuela central de idiomas. Desde el año 1965 es cônsul general de la República del Ecuador y fue once años decano del cuerpo consular de Vigo. En el ámbito de la política presidió el Partido Demócrata Popular de Galicia (1982 – 1987). Año 1983 – 1987 fue Vicepresidente de la Diputación Provincial de Pontevedra siendo presidente Mariano Rajoy Brey. Fue Concejal en el Ayuntamiento de Vigo. Diputado Provincial, Diputado Nacional y Senador del Reino. En el ámbito de la Cultura es Académico Correspondiente da la Real Academia de Bellas Artes de Granada, Miembro de la Sociedad de Geografía de Lisboa y del Instituto Brasileiro de Cultura Hispánica. Preside la empresa Pantenón fundada en el año 1958 y que hoy alcanza proyección internacional. Su hijo Alejandro empresario y abogado, supo darle la dimensión actual. Está en posesión de la primera medalla de Oro de la Facultad de Bellas Artes de Pontevedra en justo reconocimiento a su incansable esfuerzo para la criación de la misma siendo entonces presidente de la comisión de Cultura da la Diputación Provincial. Fue Consejero de Radio-Televisión de Galicia, y Benemerito Bomberos Voluntarios de Melgaço Portugal. El 1 de octubre de 1988 el Ayuntamiento de Padrenda (Orense) le concede el título de hijo adoptivo del município y posteriormente en 1996, acordó dar su nombre a una calle y el descubrimiento de un busto. Año 1995 Bayona la Real le concede el título de hijo adoptivo.1994 Vigo le concede el título de Vigués Distinguido, en su terra San Gregorio, Melgaço Portugal le dedican su nombre a la plaza principal del pueblo. Está en posesión de la Cruz al Mérito Naval com Distintivo Blanco, la Encomienda de Número da la Orden de Isabel la Católica, Comendador de la Orden Infante Don Enrique Portugal, Comendador de la Real Orden de Nuestra Señora de Vilaviçosa concedida por el Príncipe Don Duarte, Comendador, Gran Oficial y Gran Cruz de la Orden al Mérito Nacional Ecuador.

 

Retirado de:

www.verbumeditorial,com/es/autores/List/listing/adriano-marques-de-magallanes-425/1