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MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

ORDEM DO HOSPITAL EM LAMAS DE MOURO

melgaçodomonteàribeira, 10.12.22

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As primeiras referências escritas ao couto de Lamas de Mouro, por seu turno, surgem em meados do século XIV. Duas confirmações aos párocos da sua igreja, feitas em Tui (Espanha), continuam a ser os testemunhos escrito mais arcaicos da existência de uma comunidade humana organizada no seu espaço territorial: por denúncia do anterior reitor Estevão Martins, no dia 21 de Abril de 1355 o bispo de Tui confirmou, por apresentação do prior da Ordem do Hospital de S. João de Jerusalém em Portugal, Estevão Eanes de Ceivães como pároco da igreja de Lamas de Mouro – testemunha presente o procurador do bailio do Hospital de Jerusalém – ; falecido o pároco supra referido, foi apresentado pelo prior da Ordem o clérigo Gonçalo Nunes de Melgaço, confirmado pelo bispo de Tui no dia 29 de Setembro de 1362.

Enquanto não surja documento comprovativo, a minha convicção gratuita é de que o Couto de Lamas de Mouro terá sido outorgado por decisão régia à Ordem do Hospital por questões de estratégia militar e defesa do próprio reino. Trata-se de um vale cavado entre ásperas montanhas, encostado à raia seca com Galiza, de forma que a sua situação geográfica e morfológica converte este exíguo espaço territorial no estreito por onde mais facilmente poderia penetrar uma invasão dirigida ao entre Lima e Minho – assim rezam alguns documentos e outros relatos mais fabulosos, que não podemos estar agora a desfiar. – O facto de ser coutado aos cavaleiros maltezes seria um tampão aos intentos invasores mais audazes, fechando a linha defensiva entre os castelos de Melgaço e Castro Laboreiro.

 

OS LIMITES DA FREGUESIA DE LAMAS DE MOURO E OS CAMINHOS DA (IN)JUSTIÇA

José Domingues

1ª Edição

Novembro 2014

 

O CASTELO DE LABOREIRO NO TEMPO

melgaçodomonteàribeira, 02.04.22

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ENTRE OS SÉCS. XII-XV

 

  1. Sancho I (1185-1211) perde o domínio sobre os castelos fronteiriços de Melgaço e Valença, mas durante este período sabe-se que o castelo de Castro Laboreiro se manteve do lado português, sobrevivendo às hostilidades entre D. Sancho I e D. Fernando II de Leão, nas fronteiras do norte (Minho e Trás-os-Montes). D, Sancho I, concede novo foral a Castro Laboreiro (também desaparecido).

É digno de nota que D. Afonso III lançou os alicerces de um projecto que articulava a defesa do Minho com a edificação de uma armadura militar composta por várias silhuetas de castelos, que o seu filho D. Dinis iria concretizar.

É neste século que Castro Laboreiro, terra fronteiriça, recebe o estatuto de sede de concelho, podendo ser um indicador de que também a administração da fortaleza tenha beneficiado das preocupações régias.

É D. Afonso III (1248-1279), pai de D. Dinis, o responsável pela introdução de algumas novidades arquitectónicas nas fortalezas do reino, pois durante a sua estadia em França teve a possibilidade de analisar e compreender as influências vindas do norte da Europa, a corrente gótica militar, que torna a fortaleza mais activa, proporcionando à guarnição do interior do castelo atacar e defender. A localização das torres de menagem é repensada e estudada para se adossar ao pano da muralha. As suas plantas são reestruturadas para outros formatos poligonais,, além do quadrangular ou rectangular, favorecendo a sua operacionalidade para atacar e defender. Multiplicam-se as torres adossadas ao pano de muralha e os seus ângulos, aperfeiçoando a vigilância. Introduzem-se sistemas de tiro vertical garantidos através da instalação de balcões com matacães, nas torres ou poe cima das portas. Aparecem as barbacãs, que permitem oferecer um primeiro obstáculo aos atacantes, anterior ao pano da muralha. As portas passam a ter uma maior importância e são ladeadas ou encimadas por torreões. Alargam-se os adarves e as ameias, facilitando a movimentação e protecção das guarnições.

Muitos destes elementos estão presentes no recinto norte do castelo de Castro Laboreiro, sendo alguns deles visíveis na planta desenhada por Duarte de Armas (séc. XVI), e outros ainda hoje estão visíveis nas ruínas do monumento. Isto significa que o castelo de Castro Laboreiro fez a transição de uma estratégia passiva de defesa, própria do castelo românico, para uma estratégia activa, própria do castelo gótico. Se este castelo, fronteiriço, teve necessidade contínua de se adptar às circunstâncias de defesa do território, significa que a sua relevância para a defesa do território nacional não pode ser ignorada.

  1. Dinis (1279-1325) dá sequência à demarcação do território, à territorialização do poder político e à fortificação dos castelos, conforme acontece com a muralha dionisina de Castro Laboreiro. Esta muralha previa o abrigo da população civil quando necessário e também do gado, revelando a grande importância da actividade pastoril nesta área para a sobrevivência da população. Esta situação atesta a tese de José Mattoso e Carlos A. Ferreira de Almeida, de que o século XIII terá sido um século de transição para a forma de defesa das comunidades, deixando de viver fortificadas em castros ou em redor de pequenos castelos roqueiros, para centros urbanos, vigiados por castelos que lhes são altaneiros.

O reinado de D. Dinis, consolida e assegura o poder nas fronteiras. Os reinados de D. Afonso IV (1325-1357) e D. Pedro I (1357-1367), são marcados por prosperidade e pelo alargamento das fronteiras atlânticas uma vez que D. Afonso III e D. Dinis, tinham assegurado a soberania e independência nacional nas fronteiras terrestres, permitindo que a administração régia folgasse por outros horizontes. Quer-se com esta citação demonstrar que os reinados anteriores de D. Afonso III e D. Dinis, promoveram a segurança das fronteiras, deixando outros caminhos da administração em aberto para desenvolvimento e evolução.

  1. Fernando I (1367-1383) dá continuidade ao desenvolvimento económico marítimo, mas termina o seu reinado colocando a independência do reino de Portugal em causa, voltando a instalar-se a insegurança nas fronteiras. Particularmente, a muralha do castelo de Castro Laboreiro beneficia de um reforço no reinado de D. Fernando.

Sucude-lhe D. João I (1385-1433), e no período da sua regência, destaca-se uma informação relativa ao posicionamento político de Castro Laboreiro pelas forças do rei português. É no reinado de D. João I, e pelo engenho do condestável Nun’Álvares Pereira, que o reino de Portugal se reafirma novamente nas fronteiras terrestres. A partir do século XV encontra-se documentação no arquivo da Casa de Bragança, em Vila Viçosa, que atestam sucessivas doações régias, de alguns domínios deste território  e respectivo castelo, aos duques de Bragança. Esta prática perdurará até ao século XVIII.

É também a partir deste período que se inicia a arte da guerra com armas pirobalísticas embora ainda muito rudimentares e pouco eficazes, como os “trons” ou as “bombardas”. A introdução das armas de fogo subjugou a arquitectura das fortalezas adaptadas para a defesa tradicional. As transformações mais significativas para defesa dessas armas foram o alargamento dos panos das muralhas e a remoção das ameias, de forma a diminuir a silhueta do alvo e a resistir aos impactos da pirobalística, a construção de barreiras avançadas, barbacãs e antemuros, que ofereciam um primeiro obstáculo à artilharia inimiga, a adopção de formas circulares para os torreões reforçando a capacidade de resistência a projécteis, a modificação dos ângulos dos muros proporcionando o ressalto dos projécteis, e também o recurso a fossos ou cavas mais profundos. No estudo de caso verificou-se apenas a remoção das ameias, mais como medida de prevenção do que preparação para o ataque, para evitar os estilhaços provocados pelo impacto dos projécteis na eventualidade de uma guerra no local.

Para o acolhimento das armas dentro do recinto do castelo medieval, as transformações foram outras, nomeadamente a abertura de troneiras, “buracos redondos, destinados à adaptação de bocas de fogo de diâmetro adequado” nos muros das estruturas, a construção de casamatas, “estruturas abobadadas rasgadas nos próprios muros e destinadas a alojar novas peças de artilharia”.

Nos reinados seguintes ao de D. João I, o investimento régio é feito em acordos de paz e nos descobrimentos além-mar, pondo à margem das atenções a armadura castelar das fronteiras terrestres.

Período de decadência.

 

CASTRO LABOREIRO E O SEU CASTELO

CONTRIBUTO PARA O SEU ESTUDO

 

DIANA CARVALHO

Mestranda em História e Património, dianacarvalho.pt@gmail.com

 

Publicado em:

Abelterium

Revista Online de Arqueologia e História

do Município de Alter do Chão

Volume III

Maio de 2017

 

PADRE, JOVEM E BEM PARECIDO

melgaçodomonteàribeira, 11.04.20

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cemitério de melgaço

 

UM LUGAR ONDE NADA ACONTECIA

VIII

O senhor padre Justino logo caiu no goto da população. Era natural da freguesia de Parada do Monte, um povoado perdido no meio das montanhas pertencente ao concelho de Melgaço. Logo que se ordenou foi pastorear uma paróquia serrana em Arcos de Valdevez. Em matéria de padres, a vila de Melgaço nos últimos tempos não fora feliz. O último desandara a fazer besteiras. Era jovem e bem parecido. Tinha atitudes arrogantes que não condiziam com a sua condição de sacerdote. Autoritário fazia valer a sua vontade: intransigente aceitava o que a vida lhe impunha. Empolgado com os ventos patrióticos auto-nomeou-se capelão do núcleo da Legião Portugal e comprou a farda no grau de oficial. Fumava exibindo bonita cigarreira de prata como ditava a moda dos dândis da época. Um seu irmão namorava e anunciou o casamento: a noiva era filha de um ex-padre. Não aceitou tal acontecimento e a sua revolta foi tremenda. Passou a viver em permanente estado de nervosismo. Durante uma novena, cercado dos rapazes do catecismo que eram obrigados a participar, enervou-se com os risos e cochichos que aquelas crianças trocavam entre si. Pegou um que lhe pareceu o responsável e às bofetadas levou o rapazinho pelo meio dos fiéis até à porta, pondo-o na rua. Uma mulher que lhe pareceu aquele rapaz ser um seu neto, protestou.

Na mesma hora, em altos gritos o padre mandou que a mulher se retirasse e ela obedeceu.

O irmão do padre casou. Na adega do amigo Tenente Perez para afogar a revolta, passou a tarde a beber. O vinho desceu fácil e fácil subiu à cabeça. Tinha ao final daquele dia o compromisso de encontrar a alma e acompanhar o funeral do Tino Garrilha. Amparado tentou fazer as leituras de praxe, as velas que ladeavam o caixão atrapalhavam-lhe a visão e a leitura saía gaguejada. Apagaram as velas. Durante o préstito cambaleou amparado por amigos. Foi um grande vexame! Mais vergonhosa ficou a situação quando o povo passou a comentar uma amizade exagerada com uma bonita rapariga. O arcebispo tomou conhecimento e transferiu o nervoso padre para outra freguesia.

Foi nomeado para paroquiar a vila de Melgaço, o senhor padre Justino Domingues, o inverso do anterior. Humilde em excesso, zeloso com as coisas de Deus, de figura franzina e sorriso acanhado. Despertou certa hilaridade no início ao cumprimentar as pessoas. Usava chapéu como mandava a etiqueta clerical, e como era canhoto, ao descobrir-se o impulso inicial era a mão esquerda adiantar-se, logo lhe ocorria que a norma ditava fosse a mão direita a tirar o chapéu. As duas mãos se embaralhavam e quase sempre tirava o chapéu com as duas mãos ao mesmo tempo. Na sua simplicidade revelou-se um sacerdote bondoso, empreendedor, de grande capacidade realizadora no aspecto espiritual e material. Transmitia carácter, nobreza e simplicidade em palavras e atitudes.

Quando de pronto aceitou a ideia de rapazes e raparigas de fazer a novena em intenção da saúde do Zeca do Aurélio, o senhor padre Justino ganhou a simpatia da juventude.

 

(continua)

 

                                                                Manuel Igrejas

 

                                   fica em casa

 

 

 

 

 

 

A MÚSICA VELHA

melgaçodomonteàribeira, 10.03.18

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DIOGO MANUEL PINTO DE SOUSA ARAÚJO BESTEIRO

 

Filho de Joaquim António de Sousa Araújo e da mulher veio a este mundo num parto duplo em 22 de Setembro de 1831 e foi levado à pia baptismal em 26 do mesmo mês tendo como paraninfos o P.e José Manuel Dias, de Queirão e Vitória Pinto, de Galvão de Baixo, subúrbios da vila. Era sua irmã gémea Joana Francisca.

Casou em Paderne no dia 7 de Outubro de 1855 com Teresa de Jesus Rodrigues, moça solteira e filha de João António Rodrigues e Marcelina Rosa Alves, do Pinheiro, daquela freguesia e logo no ano seguinte aos 16 de Novembro António Francisco Domingues, da Longarinha, doaram à sua sobrinha Teresa de Jesus Domingues e ao marido o seu prédio rústico Milheiro, de pão e vinho, sito no referido lugar.

Moraram em Midão, onde a mulher faleceu aos 14 de Setembro de 1879 e o Diogo se finou em 22 de Setembro de 1906.

Diogo Manuel foi sobretudo professor régio mas com a profissão de músico aparece indicado no assento de baptismo de seu filho António Cândido.

Os conterrâneos conhecendo-lhe as habilidades musicais, aproveitaram-nas e delas fizeram o consagrado regente da Música Velha, a primeira que foi criada no concelho (1852).

Devia aqui prestar-se homenagem às virtudes deste músico publicando agora sumária notícia do nascimento deste banda musical, mas como isso se torna desaconselhável por o documento já ter sido publicado num destes Costados, limitada fica esta homenagem a um simples momento.

 

O MEU LIVRO DAS GERAÇÕES MELGACENSES

Volume II

Augusto César Esteves

Edição da Nora do Autor

Melgaço

1991

p. 158

 

UMA IDA À VILA II

melgaçodomonteàribeira, 22.04.17

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coriscadas - castro laboreiro

 

(continuação)

 

Despiu o casaco claro e, sempre ao lado da mãe, ia descobrindo Melgaço. Sentia-se abafado. A roupa vestida era quente. Os rapazes da Vila andavam vestidos de calções, e em camisa de meia manga, enquanto ele trazia calças de pana e uma camisa de manga comprida.

Nas lojas onde entravam havia sempre muita gente e tinham de esperar para serem atendidas. Antes de a mãe e as vizinhas comprarem qualquer coisa havia muita conversa e tinha a sensação incomodativa de estar sob constante observação das pessoas. Na rua fazia um calor de abrasar e mesmo à sombra transpirava. Estava sequioso mas aquela água de Melgaço parecia caldo e quanto mais bebia mais sede tinha. Já enfastiado disse à mãe para o deixar num banco cá fora, enquanto fazia o resto das compras. Passado algum tempo levantou-se do banco e pôs-se a admirar a torre do Castelo mesmo ali à sua frente, igualzinha à desenhada no livro da escola. Pensou como seria bonito o Castelo de Castro, naquele monte tão alto, se tivesse uma torre daquelas.

Estava na praça central da Vila e resolveu espreitar a montra da loja da frente onde estavam expostos vários relógios e artigos em ouro. Ao lado ficava a Escola Primária e através dos vidros viu algumas crianças da sua idade sentadas nas carteiras, enquanto o professor, de fato e gravata, escrevia números no quadro preto.

Finalmente apareceram todas para irem comer, mas antes a mãe tinha de cambiar uns francos enviados pelo pai, por um conhecido. Para isso tinha de passar na Loja Nova, junto à estrada de Castro Laboreiro.

Sentaram-se num banco corrido de madeira, frente a uma mesa tosca, debaixo de uma latada com uma fonte de água fresca, onde finalmente conseguiu dominar a sede. Como era a hora de calor resolveram aproveitar a fresquidão para fazerem uma sesta até porque dali a uma horas teriam de meter os pés a caminho, e agora era sempre a subir.

Terminado o descanso foram buscar os retratos e o resto das compras e albardaram a mula. Às cinco da tarde, ainda com muito calor, iniciaram o regresso.

Passada a primeira hora já estava todo derreado, embora não se queixasse.

Pararam num sítio com uma fonte para descansarem um pouco e beberem. A mãe notou o cansaço do filho e disse à vizinha para arranjar um espaço em cima da mula, onde, enrolado num cobertor colocado dentro de um berço de vime, fora instalada a criança. Conseguiu ajeitar-se em cima da albarda e retomaram a marcha.

Inicialmente, achou interessante a passagem debaixo das latadas, quando atravessaram os lugares, mas o andar desengonçado da mula, tentando escolher o melhor sítio para colocar as patas, e o constante roçar da cabeça pelas silvas e ramos atravessados no caminho acima da altura do animal depressa o convenceram ser preferível ir a pé. Assim, passada uma hora daquele bambolear permanente, e de alguns arranhões, pediu à mãe para o ajudar a descer. A parte mais íngreme do caminho também já estava percorrida. Seguia-se uma tirada por um carreiro rodeado de mato de pequena inclinação, finda a qual iriam merendar porque faltava menos de metade do caminho.

A partir de Alcobaça foi tomado pelo cansaço provocando-lhe uma senolência na qual as pernas pareciam movimentar-se sem dar por isso. Só com uma sacudidela provocada pelo tropeçar numa pedra solta ou pelo colocar do pé nalgum buraco do leito inacabado da estrada, voltava à realidade. Finalmente, com o sol a esconder-se atrás da Fraga da Franqueira, alcançaram Portelinha onde pararam. O ar fresco do fim da tarde, o cheiro da erva e o badalar dos chocalhos das vacas a recolherem ao eido, fê-lo despertar.

Daí até às Coriscadas foi revivendo o dia. No caminho para Melgaço vira coisas novas e fê-lo quase sem dar por isso. Na Vila tinha gostado do Castelo e de algumas lojas com muitas novidades para ele. Melgaço era muito quente e abafado e as pessoas pareceram-lhe desconfiadas, mas agora podia responder aos outros rapazes quando falavam com vaidade por conhecerem a Vila. Além disso vira as videiras em latadas e o Rio Minho, ao longe.

 

O PEGUREIRO E O LOBO

Estórias de Castro Laboreiro

MANUEL DOMINGUES

Edição Núcleo de Estudos e Pesquisa dos Montes Laboreiro

2005

pp. 69-75

ORDEM DE MALTA EM LAMAS DE MOURO

melgaçodomonteàribeira, 08.04.17

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 D. FREI DIOGO DE MELO PEREIRA

 

Frei Diogo de Melo Pereiro terá nascido entre 1609 e 1613, provavelmente em Bretiandos, Ponte de Lima. Foi o segundo dos 11 filhos de Fernão da Silva Pereira, 3º administrador do 1º morgadio de Bretiandos, com toda a sua Casa e Padroados anexos, e de sua mulher D. Leonor de Melo.

Recebeu o feudo de Moço Fidalgo da Casa Real (alvará de 20 de Março de 1621) juntamente com seus irmãos Francisco, Lopo, António, Manuel, Fernão e Bernardo.

Em 10 de Fevereiro de 1625 ingressou na Ordem de Malta, onde teve as Comendas de Poiares, Moura Morte, Veade, Sernancelhe, Torres Vedras e Torres Novas.

Muito Novo ainda foi para a ilha de Malta, onde participou em diversas armadas contra os turcos e os berberes no Mediterrâneo. Na tomada aos Turcos da cidade de Santa Maura, foi ferido na mão direita, com um tiro de mosquete e depois disso, na escalada da muralha do castelo de Miripotamo foi novamente ferido, desta feita com uma setada na perna.

Quando se iniciou a Guerra da Restauração foi chamado para prestar serviço como Capitão-mor de Barcelos (carta de 29 de Maio de 1641, governando as Armas da Província, em conjunto com Manuel Teles de Meneses e o Coronel Viole de Athis. Em 1641 governava a praça de Lamas de Mouro na fronteira de Castro Laboreiro e em 1645 tomou Salvaterra da Galiza, que se manteve na mão dos portugueses até ao fim da guerra. Entre os diversos folhetos patrióticos que corriam impressos, enaltecendo as vitórias alcançadas e relatando as incursões sobre território inimigo, foram publicadas, a propósito da tomada de Salvaterra, a “Relaçãm da entrada que fizeram em Galliza os Governadores das armas da Província de entre Douro, & Minho o Mestre de Campo Violi de Athis, que por carta de sua Magestade exercita o cargo de Mestre de Campo General, & Manoel Telles de Menezes Governador do Castello de Vianna, & Frey Diogo de Mello Pereira Comendador de Moura Morta, & Veade da Religiaõ de Sam Joam de Malta, Capitam Mor de Barcellos”, e a “Relaçam do felice sucesso, que tiveram Fr. Dioguo de Mello Pereira de Bretiandos, Commendador de Moura Morta & Fr. Lopo Pereira de Lima, seu irmão Commendador de Barro da Ordem de Malta, a quem o General D. Gastão Coutinho encarregou do governo das armas, na entrada, que se fez em Galiza…”, uma e outra impressas em Lisboa, em 1641 e 1642.

(…)

 

In “Figuras Limianas”, Câmara Municipal de Ponte de Lima

 

Retirado de:

Ordem de Malta  

MELGAÇO, JANEIRO 1827

melgaçodomonteàribeira, 19.11.16

 

 

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Rio de Janeiro                (sexta feira)                  5 de Janeiro de 1827

 

 O SPECTADOR BRASSILEIRO

  

JOURNAL POLITICO, LITERARIO, E COMMERCIAL.

                                         

N.º 2           Tout pour la Patrie

 

 

Valença. 10. Os hespanhoes acompanhados de alguns paisanos guerrilhas portuguezes nos atacarão a 6 do corrente, em S. Gregório, e Alcobaça, chegando até Melgaço, aonde entraram no dia 7: porem o commandante da linha retirou-se com as milicias que tinha para a ponte do Mouro, esperando-os ahi para os bater, mas forão tão cobardes, e ignorantes da arte da guerra que conservando-se todo o dia 7 em Melgaço não vierão fazer reconhecimento sôbre a ponte do Mouro, aonde se achavão as milícias.

As tropas que entrarão são as seguintes: 2 companhias do regimento de Navarra em força de 100 homens com suas cornetas, huma grande parte do regimento de milícias d’Orense, de que he commandante o celebre ladrão guerrilheiro D. Ignacio Pereira: alguns paizanos armados portuguezes, commandados por alguns transfugas officiaes portuguezes: varios padres e frades.

O general Moura governador de Valença e agora interino da provincia mandou logo 100 bayonetas commandados pelo major Queiroz. Depois mandou 40 homens de milicias de Villa do Conde e Vianna.

 

 

Retirado de: O Spectador Brassileiro

 

http://books.google.pt

 

EVA MARIA - 1º ANIVERSÁRIO

 

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BOTICAS E BOTICÁRIOS

melgaçodomonteàribeira, 29.10.16

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BOTICAS E BOTICÁRIOS NO DISTRITO DE VIANA DO CASTELO NO SÉCULO XIX

 

Alexandra Esteves

Docente da Universidade Católica Portuguesa

Investigadora do CITCEM-UM

 

 

Em 1840, no concelho de Melgaço, havia cinco farmacêuticos. Apenas dois exerciam funções na vila e os restantes nas freguesias de Cristóval, Paderne e Prado. Vinte anos mais tarde, em 1860, aquele número subsistia, mas três residiam em Cristóval, um em Prado e outro na sede do município. Dos cinco boticários a laborar no concelho três eram galegos, embora a sua formação tenha sido feita em Portugal, o que se explica pela proximidade geográfica com a província espanhola da Galiza. Nos anos seguintes, houve uma redução no número de boticas e, em 1890, restava, em todo o concelho, apenas um farmacêutico. Em contrapartida, tinha um elevado número de curandeiros, que, por razões óbvias, representavam um perigo para a saúde pública. Em 1860, segundo a relação apresentada pelo administrador do concelho de Melgaço, foram contabilizados onze charlatães, dispersos por várias freguesias, cinco deles naturais da Galiza e todos do sexo masculino. A situação era agravada pelo facto de o concelho não dispor de qualquer partido de medicina, contando apenas com um cirurgião, cinco boticários e um sangrador. Este quadro leva-nos a presumir que os cuidados de saúde estavam entregues a indivíduos sem habilitação adequada.

 

Ler mais: www.academia.edu

ALCAIADARIAS DE MELGAÇO E CASTRO LABOREIRO

melgaçodomonteàribeira, 22.10.16

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Martim Vasques da Cunha, sr do morgado de Táboa, alcaide mor de Lamego (D. Fernando 1410), casado com Violante Lopes Pacheco. Pais de:

 

   Vasco Martins da Cunha, sr das villas de Pinheiro, Angeja, Bemposta e Alcaide mor de Melgaço e Castro Laboreiro nos reinados de D. Pedro I e D. Fernando; foi um dos que se nomearam conselheiros de D. João I e se achou na eleição deste Rei nas Cortes de Coimbra. Casado com Beatriz Lopes de Albergaria.

 

- História e Genealogia -

 

   «Vasco Martins da Cunha, o Velho, bisneto do lendário Martim Vasques da Cunha 7º senhor da honra do julgado da Tábua, 5º senhor da terra de Cunha, confirmado por D. Pedro I em 1357 que também lhe deu Angeja, Pinheiro, Pereira, Bemposta e Castanheira, assim como as alcaiadarias de Melgaço, Castro Laboreiro e Lisboa. Casou 2 vezes (D. Beatriz Lopes e Albergaria e D. Teresa de Albuquerque). 1º filho: Martim Vasques da Cunha, que passou a Castela (conde de Valência de Campos 1397);  2º filho: Estêvão. 3º filho: Vasco Martins da Cunha, o Moço, sobre quem caiu a sucessão, por ausência de Estêvão».

 

Retirado de:

 http://archiver.rootsweb.ancestry.com/th/read/PORTUGAL/2000-10/0973033366

 

MELGAÇO EM GUERRA COM O IMPERADOR

melgaçodomonteàribeira, 15.10.16

troncoso1.jpgrio trancoso - desconheço a autoria da foto

 

LA PARADANTA EN LA GUERRA CONTRA NAPOLEÓN

 

 Por: Antonio Troncoso de Castro (1)

  

La Guerra de Independencia en el Sur de Galicia y Norte de Portugal, desde una perspectiva militar favoreció sensiblemente la organización del ejercito anglo-hispano-portugués que en sucesivas batallas consiguió la expulsión de los franceses de la Peninsula..................

En la acción de Vimieiro, la primera derrota de Junót, ya estan milicianos de Tuy y Monterrey y en la represalia de Soult ejecuta sobre el Pazo de Barreiro, desde el que escribo este recordatorio, los vecinos de Villar y Couto se refugiaron en Melgaço, que meses antes ya había declarado guerra al Emperador. Y así cuando el Consejo de Regencia concede la Cruz Supernumeraria de Carlos III a los abades de Villar-Couto y Valladares po el «sitio y reconquista de Vigo y Tuy» - como reza en la credencial – tanbién condecora a los oficiales portugueses don Juan Almeida y Sousa,  don Joaquín Pereira de Castro y don José Rodriguéz Gomez, por su ayuda en aquellos trágicos y a la vez gloriosos sucesos................

Mientras tanto las terras fronteirizas de Melgaço, y jurisdicciones de Alveos e Crecente, siguiendo órdenes de la ola Romana, acantonado en Lobeira y fugura injustamente silenciada tienen lugar cuatro decisiones..............

Fueron tan eficaces las acciones de las gentes de la Paradanta, Melgaço y Ribeiro, que un Cuerpo de Ejército, seguramente el más poderoso de la «grant armae» mandado por el mejor táctico de Europa,........ arribando a Orense con 2.000 bajas entre muertos y heridos.

Un capitulo muy importante de la historia militar de España en la Guerra de Independencia digno de recordarse con todos, los honores del sacrificio y heroísmo que promovió en esta tierra un troncoso de Sotomayor, que al igual que sus antepasados frente a los ingleses en Bayona y A Coruña y más tarde en la línea Peneda-Barxas, - de haí que dicho rio se identifique por los portugueses con el nombre de Trancoso, en el tratado de límites de 1881 – y seguido por el pueblo dio una léccion de patriotismo, cuyo ejemplo merece ser reconocido, así como los 64 muertos de estas parroquias en aquellos trágicos días.

 (1) Antonio Troncoso de Castro es sobrino tataranieto del Abad de Couto.

 

Tomado de el FARO DE VIGO.

Ler artigo completo em:

 

Revista de la Hermandad del Valle de los Caídos – nº 131 Noviembre de 2009

 

http://www.hermandaddelvalle.org/article.php?sid=5840